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Outros Quinhentos: És de Braga?

Quem nunca ouviu esta expressão? «És de Braga?» Esta curiosa expressão é frequentemente dirigida a…

Texto de Ana Salgado

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Quem nunca ouviu esta expressão? «És de Braga?»

Esta curiosa expressão é frequentemente dirigida a alguém que deixa uma porta aberta.

Então e o porquê do seu uso? Fazes uma ideia?

Pesquisando um pouco, encontramos uma razão histórica que justifica esta construção. Tudo indica que os bracarenses foram os primeiros a não colocar uma porta de madeira nas entradas das muralhas da cidade.

Recuemos, agora, até ao século XVI, altura em que foi mandada construir uma imponente porta nas muralhas de Braga – o Arco da Porta Nova (uma das antigas entradas da cidade). Tal arco nunca teve nenhuma porta de madeira, dado a cidade já se estender para fora das muralhas e de se viver tempos de paz. O feito foi inédito na época, uma vez que as restantes portas da muralha ainda eram todas fechadas ao final do dia. Assim, os bracarenses ficaram conhecidos por serem aqueles que nunca fechavam a porta.

Todavia, há também quem defenda que esta expressão é uma forma simplificada de «És de braga e chamas-te Lourenço?»

Lourenço era um arcebispo ilustre de Braga, cujas ações nem sempre agradaram a nobres, e que acabou por ser destituído pelo papa a pedido do rei. Excomungado, decidiu partir para Roma e, com a sua excelente argumentação, acabou por convencer o papa a restituir-lhe o cargo. Desta forma, a expressão «És de Braga e chamas-te Lourenço?», quando empregada, vai dirigida a pessoas ilustres que conseguem sempre o querem, isto é, para as quais as portas se abrem. Nos tempos atuais, a irónica expressão pretende chamar a atenção de alguém por deixar a porta aberta, estando subentendido que essa pessoa se considera mais importante que as demais e que, por isso, não precisa de fechar a porta ou até que não o faz porque alguém o fará por ela.

Por último, há uma outra possível razão e que aponta para o facto de o povo bracarense ser muito comunitário e unido. Entre vizinhos nunca se preocupavam em fechar a porta de casa. Todos eram bem-vindos, sempre que quisessem. Se isto é algo impensável nos dias que correm, não parecerá tão estranho se pensarmos em algumas aldeias mais interiores em que esse costume ainda vigora!

Despeço-me com amizade até daqui a 15 dias. Se o período já é de férias, então, aproveita bem!

Texto de Ana Salgado
Ilustração de João R. Saúde

Se queres ler mais crónicas do Outros Quinhentos, clica aqui.

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