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Repensar Abril. As novas (velhas) lutas dos jovens em Portugal

“O 25 de Abril, durante quase toda a minha vida em Portugal, sempre foi uma…

Texto de Carolina Franco

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“O 25 de Abril, durante quase toda a minha vida em Portugal, sempre foi uma data que tive muita dificuldade para entender e celebrar”, diz Neusa Pedro, hoje ativista antirracista e anti-fascista. Neusa é moçambicana e vive em Portugal desde os 9 anos. Sempre morou no Alentejo, um lugar historicamente ligado à resistência anti-fascista. Nos últimos 13 anos, Neusa começou a ressignificar esta data, sobretudo quando descobriu o papel das lutas de libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau para que a liberdade, por fim, chegasse a Portugal.

Foi quando José Mário Branco morreu, em novembro de 2019, que tudo mudou. Na Oficina Os Infantes, em Beja, assistiu ao documentário "Mudar de Vida — José Mário Branco, vida e obra". “Pela primeira vez, entendi a dimensão e o papel das guerras de libertação em África na Revolução dos Cravos, em Portugal. As canções do Zeca Afonso, do José Mário Branco, Sérgio Godinho, entre outros, começaram a fazer parte do meu dia a dia, juntando-se aos discursos de Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto e às memórias de mulheres como Josina Machel e Titina Silá”, explica.  

Ao longo destes 48 anos vividos em liberdade, repensar Abril tem vindo a mostrar ser cada vez mais necessário. Perceber de que ideais se partiu para construir a revolução, que slogans serviram a uma maioria da população portuguesa, e o que não se cumpriu para minorias que então não foram contempladas numa ideia de sociedade.

 Para alguns jovens portugueses, o 25 de Abril foi um projeto que deixou planos por cumprir. O avanço nos direitos laborais foi inegável — mas há mulheres que são despedidas por estarem grávidas. O avanço nos direitos das mulheres também — mas a luta feminista estava até há muito pouco tempo centrada na experiência de mulheres cisgénero, brancas e europeias. As taxas de analfabetismo diminuíram brutalmente e as escolas tornaram-se espaços fundamentais na comunidade — mas nem todos os estudantes partem do mesmo lugar, as desigualdades sociais também se sentem na escola. 

Há novas (velhas) lutas por travar. Gil Ubaldo conhece bem alguns dos desafios que se podem encontrar na escola que, à partida, é um lugar onde todas as pessoas são iguais. “À partida, há forças que nos puxam para sítios diferentes”, diz o ativista, trans, queer e estudante de Filosofia. “Quando pensamos, por exemplo, nos alunos que mais chumbam e que ficam para trás — porque não têm “inteligência suficiente”, porque “não conseguem cumprir” —, vemos que, muitas vezes, essas pessoas foram completamente abandonadas e têm problemas estruturais em casa”, conta. 

Gil Ubaldo é também um dos organizadores da Greve Climática Estudantil 

Gil frisa que “é muito difícil falar dos jovens como uma camada homogénea, porque os graus de falta de liberdade e opressão variam muito”. Mas há uma “ideia de underdog, que vem do sonho americano” que diz que toda a gente pode ser quem quiser, venha de que contexto vier. “Dizem-te: ‘sim, os teus pais podem não ter um salário base, podem estar desempregados, podes não ter uma habitação estável, podes nem ter água potável, mas se quiseres mesmo, vais lá chegar’.” O que Gil acha mais alarmante nesta nem sempre muito real expectativa de que qualquer pessoa pode ser o que e quem quiser é o culto neoliberal do individualismo que só deixa avançar “os que têm condições para isso”. Nesta “lógica individual de que somos todos vítimas”, toda a gente fica a perder — e os movimentos sociais também, garante. 

Na comunidade trans, o isolamento pode ser aterrador. É por isso que todos os encontros, inclusive manifestações, são importantes: para permitirem a pessoas jovens, que se sentem sozinhas, estarem juntas. Saberem que não estão sozinhas e que existe uma rede de apoio. “Muitas vezes, é isso que falta, alguém que te diga: não, tu não és louca; só não és aquilo que te dizem que deves ser — e está tudo bem.” 

A paz, o pão, habitação, saúde, educação

Foi no sentido de criar proximidade e pensar numa perspetiva interseccional que Gil Ubaldo criou, juntamente com outras pessoas, a plataforma A Teia. Apesar de ter sido anunciada há apenas uma semana, vai reunir num bloco no desfile do 25 de Abril, em Lisboa e no Porto, várias associações trans que gritam mais alto se estiverem juntas — literal e metaforicamente. E volvidos todos estes anos desde 1974, há um slogan cantado pela voz de Sérgio Godinho em 74, e agora entoado por tantas vozes, em tantos tons, que acredita continuar a fazer sentido, especialmente para a sua comunidade: “paz, pão, habitação, saúde, educação”. 

“As dificuldades a que estamos expostas são em todas as áreas: pessoas empregadoras que não contratam, senhorios que não arrendam. Sem casa e sem rendimento básico, não há dignidade, não há condições de vida. E a luta é precisamente essa: por condições de vida que nos permitam existir, que nos permitam não estar expostas às violências que vêm dessa exposição. Que nos permitam estar protegidas no trabalho, em sistemas de saúde que, muitas vezes, são violentíssimos para com pessoas trans. É, acima de tudo, uma luta para alcançar as coisas que nos permitam viver no dia a dia, em primeiro lugar, e, depois, que nos permitam ultrapassar ambições de sobrevivência”, explica Gil. 

Há lutas do agora que parecem não estar tão distantes assim das lutas de outros tempos. Os pais de Neusa Pedro, como jovens do seu tempo, “viveram a guerra colonial e sentiram, na pele, o seu desenrolar”. Não é algo que a filha viva, hoje, mas sente ainda as consequências de uma descolonização que ficou por cumprir — nas mentalidades e nas estruturas da sociedade portuguesa. 

“Na altura dos meus pais, os jovens encontravam-se num clima de confronto bélico, não só na guerra colonial, mas também nas guerras civis que se seguiram. Hoje, nós não estamos numa dinâmica militar e sinistra, mas podemos dizer que a dinâmica opressor-oprimido ainda existe, e a luta, embora que não tão barulhenta, faz-se ouvir”, sublinha a ativista antirracista. Os jovens do seu tempo, portugueses afrodescendentes, continuam a lutar contra um silenciamento que persiste. O seu e o de tantas referências de outros tempos que foram sendo branqueadas durante séculos. E continuam a ser. 

Neusa Pedro tem 21 anos e estuda Turismo em Beja, onde também é presidente do Núcleo de Estudantes Africanos

Vejo isso através de muitos amigos e conhecidos nascidos e/ou criados em Portugal que têm crises de identidade porque não se conseguem rever no país em que nasceram e foram criados. Sentem-se um corpo estranho a existir em Portugal. Alguns não se conseguem conectar nem com o país da sua ascendência, nem com o país onde trabalham, estudam e se formam enquanto cidadãos. A contextualização que tem sido feita do 25 de Abril e da História de mais de 500 anos entre Portugal e África, tem servido para que muitos legitimem a sua identidade e a sua pertença em Portugal, e isso é algo que tem sido muito trabalhado dentro do movimento antirracista e que me faz acreditar na sua importância”, conta.

Entender o contexto histórico da relação colonial entre Portugal e África libertou-a de achar que a sua presença em Portugal não era legítima. Libertou-a de achar que o seu português com sotaque era “um mau português”, de achar que o tom de pele “faz de uns mais portugueses do que outros”. São palavras suas que refletem como se sente. Mas existem determinados contextos que a impedem de se sentir livre. Exemplifica: “enquanto sujeito político racializado, sinto que as nossas pautas são menos urgentes e que as nossas propostas políticas são adiadas e postas num segundo plano, como se não fosse legítimo lutar pelo direito ao acesso e reconhecimento de plena cidadania enquanto corpos racializados”.  

Mudar o mundo na Internet (?)

Com novos tempos, surgem novos desafios. E com o advento das redes sociais, alguns destes velhos problemas ganharam novas formas — mas também novas soluções. Se por um lado as redes sociais podem ser fundamentais para a criação de comunidades e têm um potencial agregador, estas são também espaços de polarização e propagação de discursos de ódio que assentam, entre outros, num tom misógino, racista e capacitista. E para quem é alvo de ataques no ciberespaço, é importante que exista uma rede de apoio.

Inês Marinho criou o movimento #NãoPartilhes para responder a um dos maiores flagelos da sua geração: a partilha de imagens íntimas (ou não tão íntimas), sobretudo de mulheres, sem o seu consentimento. Dado o elevado número de vítimas de abuso sexual online, tornou-se urgente começar a consciencializar pessoas de gerações mais novas e garantir que existia essa rede de apoio tão necessária. “Tanto online como offline é um desafio ser mulher, e é um desafio mantermo-nos seguras”, diz ao Gerador

Nas ruas, grande parte das raparigas e mulheres continuam a não se sentir seguras. Há uma sensação de ameaça constante em cada lugar pouco iluminado e silencioso. Sentem-se num alerta constante. Na Internet, parece haver uma sensação de controlo maior, mas que nem sempre corresponde à realidade. E é também por isso que Inês Marinho acredita que se deve apostar na literacia para as redes sociais e num (re)planeamento na forma como se abordam assuntos como a sexualidade, a puberdade e o consentimento em diversas idades. Mas para que uma mudança efetiva aconteça, diz que é importante reeducar as pessoas que estão por detrás das entidades que têm contacto tanto com menores de idade — “que são o maior foco e o maior alvo destes criminosos” —, bem como com as potenciais vítimas. Refere-se a entidades como a GNR (Guarda Nacional Republicana), a PJ (Polícia Judiciária), Centros de Investigação e Tribunais. 

Em representação do movimento #NãoPartilhes, Inês Marinho tem falado publicamente, inclusive em escolas, sobre cyberbullying

Inês luta para que as mulheres das próximas gerações possam sentir-se mais livres do que já se sentem, para que tenham acesso a direitos que já deveriam ter. É assim que olha para o passado e para o legado que as feministas portuguesas deixaram ao longo do último século. Da sua história fazem parte as mulheres da sua família, as que lutaram para que fosse possível votar, as que correram numa direção oposta àquela que lhes diziam para correr. E é por todas elas, e por esse legado, que acredita que seria injusto dizer que hoje não se sente livre.  

“Sinceramente, acho que seria uma ofensa para todas as pessoas que lutaram pela minha liberdade, dizer que não me sinto livre. Sinto-me livre, mas sinto muitas vezes que me querem tirar essa liberdade”. Paira ainda na sociedade portuguesa um certo recato, uma conduta que se deve seguir enquanto mulher. Quais serão, afinal, os limites da liberdade de cada mulher? Serão os mesmos para uma mulher cisgénero e para uma mulher trans? Para uma mulher branca e uma mulher negra? E para uma mulher brasileira a viver em Portugal?

E se, por um lado, associações como a #NãoPartilhes surgem para condenar o que de pior se faz nas redes sociais, é também nestas salas de convívio virtuais que criam as suas comunidades e fazem a sua mensagem circular. É uma forma mais fácil de passar a palavra e de chegar a pessoas a quem não chegariam. O mesmo acontece com a comunidade LGBTQI+. Na impossibilidade de encontrar pares na mesma escola ou na mesma vila, é na Internet que muitas vezes se fazem amizades para a vida e se encontram espaços para falar à vontade, sem medo de ser julgado. 

Mas as redes sociais também trazem desafios acrescidos para o ativismo nos dias que correm. A partir de cada conta individual, cada pessoa tem a possibilidade de se tornar ativista na Internet, sendo vocal acerca de determinados assuntos. Mas artilhar uma publicação numa story é um ato de ativismo? Até que ponto é que partilhar “10 dicas para proteger o planeta” ou “O que fazer para não ser antirracista” fará de alguém uma pessoa realmente comprometida com a mudança? 

A verdade é que pode não fazer, mas cria essa ilusão, contribuindo para a construção de uma persona social. É aquilo a que Helena Vieira, escritora e transfeminista brasileira, chamaria de “ativismo narcisista”. Isto acontece quando as ações ativistas são meramente performáticas e servem para que o “ativista” se coloque no centro da questão — quando, grande parte das vezes, o assunto pode até nem ser sobre si ou sobre um grupo de que faça parte. É um ativismo com consequências menos palpáveis, que pode, no limite, despertar alguém para um determinado tema, mas que não passa por um pilar essencial: o pensamento com e pela comunidade. 

Pela comunidade, com a comunidade. A urgência do fim de lutas que individualizam

Tanto para Matilde Alvim, ativista climática, como para Inês Marinho, ativista feminista, é inegável que houve um grande avanço na sociedade portuguesa nos últimos (quase) 50 anos. Mas Matilde frisa que, nesse longo e importante caminho, “muita gente ficou para trás”. É na luta pela justiça climática que Matilde, de 20 anos, natural do distrito de Setúbal e a grande responsável para que este movimento internacional chegasse a Portugal, encontra a luta mais agregadora. Diz mesmo que “a luta pela democracia e pela liberdade não pode estar desligada da luta pela justiça climática”. 

A pensar num amanhã melhor e com mais dignidade para todas as pessoas, a Greve Climática Estudantil, grupo que co-fundou, organizou o Fim ao Fóssil - Ocupa!, uma ação que decorrerá no primeiro semestre de 2022 em escolas e universidades de Lisboa. O objetivo é conseguir o fim da era de combustíveis fósseis, que são “um dos pilares do sistema que nos está a levar para o colapso climático”. 

Há duas semanas, Matilde partiu em viagem na Caravana pela Justiça Climática. De Pedrógão recorda a devastação pós-incêndios que se mantém.

Também esta não é uma luta do agora. Há décadas que grandes líderes e pensadores indígenas, como Sónia Guajajara ou Aílton Krenak, vêm a alertar para esse colapso do planeta. Com a Greve pela Justiça Climática, “que se tornou num movimento de massas em que toda a gente queria participar”, e muito motivados pelas ações da ativista sueca Greta Thunberg, os jovens ficaram cada vez mais comprometidos com a mudança

Há quem sinta que está a “arcar com as consequências de um capitalismo desastroso desde a revolução industrial”, mas Matilde acredita que “ninguém escolhe a altura em que nasce e todas as épocas na História já tiveram grandes lutas por fazer”. A diferença desta luta em concreto é que este é “um dos confrontos mais importantes que a humanidade vai ter e por que vai ter de lutar: a sobrevivência, e as condições dignas, estão em risco.  

“Há um longo caminho a fazer e esse caminho não é só feito a nível nacional, é feito a nível internacional, porque os combustíveis fósseis continuam a arruinar as nossas vidas e os nossos futuros, e continuamos a viver num sistema que põe sempre o lucro no centro, em vez da vida, como valor principal. E, portanto, a luta não está acabada de maneira nenhuma.”

Para que todas estas lutas se unam e se possa desenhar um futuro interseccional, Gil Ubaldo acredita que é preciso acabar com uma postura de medo e encolhimento — de descrença na ação coletiva — que vem dos tempos de ditadura. “A ação coletiva, por si, pode ser emancipatória e ajudar a combater as dificuldades pessoais — e é por aí que devemos ir, tendo consciência do lugar de onde cada pessoa parte.” 

As revoluções que estão em curso ultrapassam barreiras e fronteiras geográficas, e os slogans gritam-se em várias línguas. Os jovens portugueses nunca estiveram tão conectados entre si, e com jovens de outros países. Neste processo  de revolução em curso, é preciso não deixar ninguém de fora. Mesmo que algumas pessoas tenham de fazer mais por outras. 

Texto de Carolina Franco
Ilustração de Marina Mota 

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