fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Texto de Leitor

Carta do Leitor: Meia-noite em Paris ou o porquê de usar bigode à José Mário Branco

A Carta do Leitor de hoje chega-nos pelas mãos de Miguel Villa de Freitas, que nos fala de ideias de outros enquanto inspiração.
«Sofri. Roubei ideias. Sofri. Roubei tanta coisa na minha vida. Até que uma Jangada de Pedra veio a flutuar até mim. Trazia uma mensagem: “Na nossa vida nunca roubamos nada, é sempre na vida dos outros”.»

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Há três anos, auto-diagnostiquei-me com cleptomania artística, doença sem cura, crónica patologia do ser. Muito me custou o diagnóstico como sempre me custam as infelizes descobertas da alma. A isso se chama crescer, creio eu.

Por cada roubo deixei uma lágrima, por cada vírgula no lugar de dois pontos precisei de outros dois no meu peito ferido.

Sofri.

Roubei ideias.

Sofri.

Roubei tanta coisa na minha vida.

Até que uma Jangada de Pedra veio a flutuar até mim. Trazia uma mensagem:

“Na nossa vida nunca roubamos nada, é sempre na vida dos outros”.

Achei consolo egoísta nesta máxima, mas não me curou a desolação.

Até que um Gonçalo M.Tavares veio a flutuar até mim. Trazia uma mensagem:

“É original, na literalidade do étimo, o que vai buscar à origem.”

Graças às palavras de ambos, Saramago e respetivo prémio, perdoei-me pelos meus furtos, mas o perdão próprio não chega, é só um "per", está incompleto, falta o “dão”. O "dão" em perdão vem dos outros, são os outros que no-lo dão.

Fui buscar o dão em perdão:

“Saramago, pequei contra ti, aceita-me como teu ladrão.”

Saramago não falou, falou a obra por ele. A obra perdoou-me.

Morre o criador e a obra fala, assim me explicou Umberto Eco.

Um dia, quando já não estiver cá quem falou, também este texto será meu eco, vestirá estola e escudo, e defender-me/se-á à sua maneira.

Até esse dia chegar, sigo caminho pela estrada do roubo, ora desesperando porque roubei a mais, (quantas vezes não me acontece desesperar porque roubei a mais:

eis uma delas, a 4 de Janeiro de 22 — Cala-te António Lobo Antunes, cala-te seu monstro, quero falar e és tu a falar por mim, (...) vade retro, onde está a minha voz, a originalidade não é isto, isto é copiar, vai-te embora, por favor.”)

ora feliz porque roubei a justa dose, a quantidade ideal, como fiz com o título desta crónica.

Se quiseres ver um texto teu publicado no nosso site, basta enviares-nos o teu texto, com um máximo de 4000 caracteres incluindo espaços, para o geral@gerador.eu, juntamente com o nome com que o queres assinar. Sabe mais, aqui.
Texto de Miguel Villa de Freitas

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

3 Outubro 2024

Carta do Leitor: A esquizofrenia do Orçamento

12 Setembro 2024

Carta do Leitor: Por filósofos na sala de aula

29 Agosto 2024

Carta do Leitor: GranTurismo de esplanadas

22 Agosto 2024

Carta do Leitor: Prémios, diversidade e (in)visibilidade cultural

1 Agosto 2024

Carta do Leitor: Sintomas de uma imigração mal prevista

18 Julho 2024

Carta do Leitor: Admitir que não existem minorias a partir de um lugar de (semi)privilégio é uma veleidade e uma hipocrisia

11 Julho 2024

Carta do Leitor: Afinar a curiosidade na apressada multidão

3 Julho 2024

Carta do Leitor: Programação do Esquecimento

23 Maio 2024

Carta do Leitor: O que a Europa faz por mim

16 Maio 2024

Carta do Leitor: Hoje o elefante. Amanhã o rato

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

3 MARÇO 2025

Onde a mina rasga a montanha

Há sete anos, ao mesmo tempo que se tornava Património Agrícola Mundial, pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o Barroso viu-se no epicentro da corrida europeia pelo lítio, considerado um metal precioso no movimento de descarbonização das sociedades contemporâneas. “Onde a mina rasga a montanha” é uma investigação em 3 partes dedicada à problemática da exploração de lítio em Covas do Barroso.

20 JANEIRO 2025

A letra L da comunidade LGBTQIAP+: os desafios da visibilidade lésbica em Portugal

Para as lésbicas em Portugal, a sua visibilidade é um ato de resistência e de normalização das suas identidades. Contudo, o significado da palavra “lésbica” mudou nos últimos anos e continua a transformar-se.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0