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Preliminares: Mutilação Genital Feminina (MGF)

Visitei recentemente a Tanzânia. A paisagem corta-nos a respiração pela sua beleza e pela forma…

Texto de Redação

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Visitei recentemente a Tanzânia. A paisagem corta-nos a respiração pela sua beleza e pela forma como em certas zonas o horizonte é abençoado pelos seus massais – esses belos e esguios homens, enrolados em mantas vermelhas e azuis – e pelos seus rebanhos de vacas. Entrar na sua aldeia, nas suas casas e conversar sobre os seus costumes é uma experiência avassaladora. A vida de um massai não é fácil. Foram sendo afastados das grandes reservas por serem consideradas áreas protegidas, destinadas à conservação da vida animal e ao turismo, diminuindo o acesso às fontes de água e à livre circulação dos seus rebanhos.

Se a vida de um homem é difícil, a de uma mulher massai é substancialmente pior. A Mutilação Genital Feminina (MGF) é prática comum entre os massais. As meninas só são consideradas mulheres depois da cerimónia em que lhes é amputado o clitóris pelas mulheres mais velhas, entre os 8 e os 12 anos. Este rito de passagem, que as faz ser iguais às outras mulheres massais, traduz-se na ablação de uma parte da estrutura do clitóris ou dos lábios vaginais. Apesar de a MGF estar proibida pelo governo da Tanzânia continua a ocorrer em algumas comunidades mais fechadas, que mantêm a prática de forma escondida e que começaram a fazê-lo em bebés recém-nascidos. As ferramentas utilizadas na MGT sempre foram vidros, lâminas ou facas, mas nestes casos a mutilação é feita à unha: o clitóris do bebé é retirado à unha, sem dó nem piedade, e com ele desaparece a única esperança de uma vida sexual com prazer.

Para além disso, não há romance nem preliminares e o marido decide qual das suas mulheres irá ter relações sexuais com os amigos que o vierem visitar à aldeia. E se a mulher fica grávida do outro, o marido será sempre considerado o pai, prática que vem trazer diversidade genética às famílias e que os salva das artimanhas do vudu. Pior do que estas tradições, é não ser massai e viver a sexualidade como se o clitóris estivesse amputado, não percebendo que é UM ORGÃO QUE TEM COMO ÚNICA FUNÇÃO DAR PRAZER SEXUAL À MULHER.

*Esta é uma crónica da Marta Crawford, inicialmente publicada na Revista Gerador de janeiro.

-Sobre a Marta Crawford-

É psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar. Apresentou programas televisivos como o AB Sexo e 100Tabus. Escreveu crónicas e publicou os livros: Sexo sem Tabus, Viver o Sexo com Prazer e Diário sexual e conjugal de um casal. Criou o MUSEX — Museu Pedagógico do Sexo — e é autora da crónica «Preliminares» na Revista Gerador.

Texto de Marta Crawford
Fotografia de Diana Mendes

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