Portugal inteiro, no passado dia 26 de março de 2020, entrou naquilo que se considera ser a fase de mitigação da pandemia da covid-19. É a fase mais grave de contágio. Todos nós enfrentamos um período difícil e uma grande crise económica se avizinha. Pedem-nos para ficar em casa, para manter o distanciamento social, tudo em prol de um bem muito maior: a humanidade em geral e o nosso futuro em particular.
Lembrei-me assim que uma expressão que poderia agora fazer sentido referir seria: levar a carta a Garcia. Esta expressão hoje é usada como metáfora para vencer desafios. Seremos, nós, portugueses, capazes de entregar/levar a mensagem ao Garcia? Acredito que seremos capazes de cumprir eficazmente uma nova missão que todos temos pela frente, por mais difícil ou impossível que ela possa parecer, demonstrando grande iniciativa, resiliência e espírito empreendedor.
A expressão tem a sua origem num episódio ocorrido durante a Guerra Hispano-Americana. Assim que a guerra eclodiu, o presidente dos Estados Unidos, William McKinley, precisou de entrar em contacto com o líder da guerrilha cubana, o general Garcia, que se encontrava nas montanhas de Cuba. Na impossibilidade de se comunicar por correio ou telégrafo, McKinley mandou chamar um jovem militar chamado Rowan e deu-lhe uma carta para entregar a Garcia. Rowan, sem sequer questionar a distância geográfica nem a localização do general, pegou na carta, guardou-a e, após uma série de peripécias e aventuras, entregou a carta a Garcia e, finalmente, regressou aos Estados Unidos. Rowan, de facto, acabou por demonstrar uma grande capacidade de iniciativa e espírito empreendedor. Pela sua imensa vontade de querer cumprir a missão, a missão foi cumprida e com êxito.
Este episódio foi a inspiração para um artigo de um jornalista americano, Elbert Hubbard (1856–1915), intitulado « A Message to Garcia», na revista The Philistine, em 1899. Baseado nesse facto verídico, enriqueceu o caso com os seus comentários e sátiras. A história tornou-se tão popular que a expressão «entregar/levar a carta a Garcia» entrou na nossa língua, sendo Hubbard o pai da mesma.
Precisamos, urgentemente, de ser capazes de levar a mensagem ao Garcia! Temos de ser corajosos, temos de nos reinventar. Seremos capazes? Penso que sim. Concentremo-nos nas soluções, e não nos problemas. Confiem. Até breve!