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A amizade é um sofisma ou um duende num conto de fadas

A Carta do Leitor de hoje chega pelas mãos de Paulo Dias, que nos fala sobre amizade.

Num encontro de “amigos” observei a importância (que atesto) da amizade.

O seu peso é tão relevante como os gramas de um pão num estômago esfomeado.

Alivia, estimula a endorfina, é um “estupefaciente” saudável; resgata almas do inferno de Dante. 

Estamos cercados pelo individualismo, com conceitos novos de estar, de verbalizar, de familiarizar. 

Observamos o mundo em constantes explosões, rasgados pelo rancor, pela usurpação das liberdades, do punho cerrado, dum punhal algures, ou de projéteis da morte. Não existe a busca do apego. Apenas ódio.

Nesta época moderna, falar de ternura, estima, respeito ao próximo já não é como procurar uma agulha no palheiro; agora também é preciso encontrar o palheiro. Neste abismal corte a meio do globo, persistimos no limbo, ali pertinho do núcleo; e para sobreviver nesta corda bamba precisamos de uma “estupenda” e grande amizade. Uma, duas, trinta? Não, apenas verdadeiras.

A projeção criada pelas redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, “orever”) das amizades é como naquele lado do globo que falei, ninguém ou poucos vão sobreviver. O desapego, o engano a violência física, psicológica, simbólica, conseguia pôr Durkheim a “refazer” a sua teoria sobre o “suicídio” ou Bourdieu a falar de novos “habitus” e “espaço social”. 

Desengane-se caríssimo(a) leitor(a) se acredita que tem muitas amizades, ou neste caso particular, muitos amigos(as), é uma falácia e se os tens é de facto aquele duende que aparece nos contos de fadas. É um conto, mas acreditamos nele e mantemo-lo.  

Alguém que disposto a nos ouvir, sem nos julgar, que suporta e caminhe com nossas dores (mesmo que ponha Betadine), que estica as falanges da mão, mesmo que ausente e que fique presente no padecimento, é o teu duende, a fava do bolo-rei, a agulha do palheiro.

Se sente estas palavras na perfeição, saberá o que é amizade, saberá que está no conto de fadas.

Se não percebeu, então acorde, está em negação, está num pesadelo, vive no sofisma, no sistema que o(a) engoliu, vive nos “likes”, no número fictício de “migos(as)”, de um sistema que se aproveita de si para se ostentar.

Posso dar uma sugestão? Diga para si, “o meu amigo…”; pare, pense e olhe, questionado, “é mesmo meu amigo?” Caso seja, não hesite, cumprimente-o(a), corteje-o(a) sem buscar retorno, desdobre o palacete de sentimentos que tem, procure-o(a), viva-o(a), coloque quiçá, aquele seu orgulho na sarjeta ali do lado, procure a chuva da agitação, da querença, da ternura. Não tem de forçar a presença, o importante é não ser um ser ausente! Guarde os seus duendes e não deixe a bruxa entrar! O engodo mora ali ao lado! Eu por aqui, tenho-as todas na memória e sem as contar espero fazer parte da conta dos duendes de alguém! 

Quero crer na amizade e fugir ao engano que me obscurece!  

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Texto de Paulo Dias

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