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Carta do Leitor: Ainda há esperança

A Carta do Leitor de hoje chega pelas mãos de Guilherme Madaleno, que reflete sobre união e democracia.

A ordem mundial liberal tem tido uma ascendente presença no mundo atual. São cada vez mais os exemplos em que a Aliança Atlântica tem tomado a dianteira do progresso. Mas se há algo que cada vez mais nos deve preocupar a todos é a pergunta ‘E depois?’.

Neste pequenino texto direi o porquê de achar que a resposta a esta pergunta é ‘Vai-se a ver e nada’. Desde a guerra na Ucrânia que o Ocidente se tem mostrado cada vez mais unido e os compromissos com os valores de liberdade têm-se tornado cada vez mais audíveis. A teoria comunista, como eu lhe chamo, tem afirmado que essa hegemonia liberal provocou a Rússia, e fez com que esta invadisse o seu vizinho. 

Primariamente uma pequena reflexão sobre o comunismo português. Tenho acompanhado de perto toda esta empenhada teoria de justificar a invasão (sei que é um tema datado, mas precisava de filosofar sobre algo) e fico com pena que estejam a dar tantos tiros nos pés. Se havia algo que a Ucrânia, a Suécia e a Finlândia estavam longe de ser era membros da NATO. Cabe-me a mim relembrar aos leitores, a ideia que os líderes comunistas utilizaram na invasão do Iraque: que era uma técnica imperialista americana, que não tinha nenhuma justificação, etc. Agora que é a Ucrânia a estar em guerra com a mãe dos neocomunismos, seja lá o que isso for, a Rússia, já não é legítimo e Zelensky deveria render-se. Todas estas narrativas partem de um pressuposto bastante interessante no meu entender, e que me leva a pensar que História do 7º ao 9º/12º anos não é suficiente: a Ucrânia é uma invenção ocidental moderna. O engraçado é lembrar a estes senhores, que a Ucrânia é a pátria-mãe, que deu origem ao Rus de Kiev e ao Rus de Moscovo. Daí que seja absolutamente ridícula a opinião que estes senhores têm.

Porém, o mundo precisa de forças calmas e confiáveis que sirvam de mediadores do conflito. Já temos uma vasta lista, desde Erdogan a Xi Jinping. Não deixa de ser engraçado é que todos estes supostos ‘mediadores’ aparecem de países que têm tido uma postura ambígua. Chegou mesmo a pôr-se a hipótese de Lula da Silva, que disse que Zelensky não poderia querer tudo. Porém esse tudo, era a integridade territorial da Ucrânia, incluindo Donbass e Crimeia, e que a Rússia saísse do território ucraniano de uma vez por todas. Cabe-me a mim, lembrar ao senhor Lula da Silva o seguinte: a integridade territorial está prevista pelo Direito Internacional (DI), e é para ser respeitada. Mas também tenho de reconhecer que a Teoria do DI de que é feito de Estados para Estados, me leva a pensar que a Ucrânia ficará em maus lençóis se não tiver o apoio ocidental.

Outra questão tem levantado muita poeira no lado Ocidental do conflito: deve ou não a Ucrânia receber F-16? Porém eu levanto outra questão, que é quando é que isso vai acontecer. Na minha visão facciosa, diga-se, será rápido. Vimos isso com o sistema Haimars, vimos isso com muitas outras coisas; os ocidentais demoraram, algumas vezes tempo de mais, mas lá deram à Ucrânia aquilo que ela precisava, e o mesmo vai acontecer com os F-16. Pois se há algo que a Ucrânia representa é uma causa justa, e como causa justa que é, deve ter todo o apoio que merece. 

A Ucrânia merece ser livre e merece viver protegida pelos mesmos sistemas que o lado ocidental possui. Pois se há algo que Zelensky e os próprios ucranianos já demonstraram é que já não confiam na Rússia.

A resposta à pergunta inicial, o ‘E depois?’, leva-me a dizer que a Ucrânia, à semelhança da Suécia e da Finlândia, entrará na NATO, e será mais uma a dar razão às palavras de Kissinger no seu livro A Ordem Mundial, “A expansão da NATO até às fronteiras da RÚSSIA-até, talvez, a incluir-era agora apresentada como uma hipótese séria. O alargamento de uma aliança militar a territórios historicamente disputados a poucas centenas de quilómetros de Moscovo era proposto primordialmente não por razões de segurança, mas como método razoável de «aferrolhar» os ganhos políticos” (Kissinger, 2014, p. 110), como a democracia, a igualdade e a liberdade, que são os valores fundamentais e essenciais da história moderna. Tal como outros valores, estes têm de ser salvaguardados e protegidos de forças anti-liberais como Putin, Lukashenko, Prighozin, e de alguns líderes da Liga Árabe que começam cada vez mais a insurgir-se contra a causa da Ucrânia.

Bibliografia: Kissinger, H. (2014). A Ordem Mundial: Reflexões sobre o Caracter das Nações e o Curso da História. Leya.

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Texto de Guilherme Madaleno

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