fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Texto de Leitor

Carta do Leitor: O crepúsculo das redes

A pandemia insuflou os corpos que se adaptaram e não se distanciaram do progresso. Esses,…

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

A pandemia insuflou os corpos que se adaptaram e não se distanciaram do progresso. Esses, apesar de enclausurados, aproveitaram para abraçar o tempo, ler mais, produzir menos, reflectindo assim sobre o amanhã. Os ventos de mudança sopram em direcção a uma distopia para os que insistem, resistem e criticam todos os novos modos deste novo tempo. São os novos velhos do Restelo. Já se tornou boçal criticar o papel das redes sociais face à bipolarização do mundo. Reconheço nessa azáfama todos aqueles que deixaram de ocupar o lugar da influência social de outrora e, não dominando as ferramentas digitais, apenas lhes resta, o lugar da análise radical, adjectivo predilecto para caracterizarem as tais redes.

A confusão resultante desta metonímia, que transforma as redes sociais automaticamente em instrumentos manipuladores e polarizadores, é semelhante à que apelida toda a comida de indigesta. Tive um professor na faculdade que nos confessava que uma cadeira poderia servir para ser partida nas costas do nosso adversário ou para nos sentarmos a ler o Guerra e Paz. As redes sociais, neste sentido, são como as cadeiras. Servem para difundir fake news, para massajar a nossa aprendizagem selectiva, para nos embrutecermos com teorias da conspiração, mas também como arma de defesa, transmitindo em directo abusos policiais e promovendo movimentos sociais, como aconteceu após a morte de George Floyd. Podem servir para conhecer ideias, pessoas, projectos e comunidades inspiradoras que seriam inatingíveis de outra forma ou para comunicar com eficácia políticas públicas. Tudo depende das acções dos utilizadores que devemos considerar, sem paternalismos, pessoas capazes, com livre arbítrio para realizarem as suas escolhas. Será que antes do advento das redes sociais não existiam conspirancionismo, populismo e desinformação?

No entanto, a lógica financeira em que assenta o capitalismo, estimula a práxis de empresas como o Facebook. Observemos o seu algoritmo, Edgerank, que nos apresenta os nossos conteúdos favoritos, apoiado no trabalho de departamentos de marketing que estudam os dados dos consumidores e as suas necessidades para reter os clientes o máximo de tempo nas páginas, aumentando assim os seus lucros. Bem vindos ao mundo do marketing (hiper) segmentado.

Um algoritmo serve para optimizar tempo e recursos. A crença ilusória de um mundo manipulado por um algoritmo é desconstruída por Daniel Kahneman no seu livro “Pensar Depressa e Devagar”, “A aversão a algoritmos tomarem decisões que afectam os humanos está enraizada na forte preferência que muitas pessoas têm pelo natural em relação ao sintético”. Estas pessoas, influenciadas pela hostilidade ao algoritmo, nas prateleiras do supermercado serão persuadidas por palavras inócuas como orgânico, natural ou original.

Quando embarcamos numa viagem pelo feed do Facebook não encontramos diferenças para a nossa jornada quotidiana. Parece-me que não decidimos dirigirmo-nos para estádios de clubes que não apoiamos, não participamos em associações com as quais não nos identificamos e não escolhemos canais de televisão ou de rádio que não nos interessam, apenas com o intuito de nos educarmos para sermos menos polarizados. Quando foi a última vez que comprou um livro que não queria comprar? Ou que foi ver um filme que não lhe interessava? Compreendemos que a bipolarização do mundo não resulta apenas do papel das redes sociais, nem de um algoritmo criado para destruir democracias.

Se entendermos as redes e o seu contexto, se não for o único local para retirar conhecimento e concretizar a nossa cidadania activa, talvez as redes sociais sejam apenas mais um método aberto e democrático para toda a sociedade civil debater os temas que nos preocupam através de uma determinada dimensão (curta, superficial e imediatista, sim) e não há mal nenhum nisso.

Se quiseres ver um texto teu publicado no nosso site, basta enviares-nos o teu texto, com um máximo de 4000 caracteres incluindo espaços, para o geral@gerador.eu, juntamente com o nome com que o queres assinar. Sabe mais, aqui.
Texto de Francisco Mouta Rúbio

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

3 Outubro 2024

Carta do Leitor: A esquizofrenia do Orçamento

12 Setembro 2024

Carta do Leitor: Por filósofos na sala de aula

29 Agosto 2024

Carta do Leitor: GranTurismo de esplanadas

22 Agosto 2024

Carta do Leitor: Prémios, diversidade e (in)visibilidade cultural

1 Agosto 2024

Carta do Leitor: Sintomas de uma imigração mal prevista

18 Julho 2024

Carta do Leitor: Admitir que não existem minorias a partir de um lugar de (semi)privilégio é uma veleidade e uma hipocrisia

11 Julho 2024

Carta do Leitor: Afinar a curiosidade na apressada multidão

3 Julho 2024

Carta do Leitor: Programação do Esquecimento

23 Maio 2024

Carta do Leitor: O que a Europa faz por mim

16 Maio 2024

Carta do Leitor: Hoje o elefante. Amanhã o rato

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0