fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Manual de Sobrevivência: Essa palavra que é linda

*Esta é uma crónica da Sara Barros Leitão, inicialmente publicada na Revista Gerador de março, lançada no…

Texto de Redação

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

*Esta é uma crónica da Sara Barros Leitão, inicialmente publicada na Revista Gerador de março, lançada no dia 6 de março de 2020

Ao terceiro mês do ano, já conseguimos perceber que as resoluções que tomámos naquela meia-noite não acontecem sozinhas. Passaram três meses e não estamos a beber tanta água como dissemos, não nos inscrevemos no curso de francês como prometemos, não parámos de usar plástico como jurámos, não fomos correr uma única vez, há até quem não fale ao telefone com os pais desde o Natal. E nada disto é novo, é assim todos os anos. Aprendemos, desde logo nas tiras da Mafalda, que não é o ano que traz mudança, mas sim os nossos comportamentos.

Dois mil e dezanove foi o ano em que uma jovem mulher de 17 anos parou o mundo ao alertar para as alterações climáticas. As mulheres na Índia fizeram uma corrente humana que chegou aos 620 quilómetros, com cerca de cinco milhões de pessoas, contra a discriminação das mulheres. Portugal comemorou dez anos desde a legalização do casamento homossexual. O hino «Um violador no teu caminho», começado no Chile contra a violência contra as mulheres é ecoado em centenas de cidades por todo o mundo. Pela primeira vez, os estudantes negros passam a representar a maioria das matrículas nas universidades públicas no Brasil. As mulheres que trabalham na Suíça pararam o país em greve contra a desigualdade salarial. O tribunal português condena os agressores que atacaram um casal homossexual em Coimbra por ter dado um beijo na boca. O parlamento português ganha mais catorze mulheres deputadas do que em 2015, três delas, negras.

Ao mesmo tempo, a desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade. Os discursos de ódio crescem, muitos deles em horários nobres de canais abertos. Ainda não conseguimos todos os direitos para a comunidade LGBTI+. Os números de violência doméstica continuam a subir, e é urgente desmistificar a vergonha em denunciar a violência doméstica contra os homens. Mais de metade dos jovens portugueses afirma ter sofrido violência no namoro, e cerca de 70 por cento acha que essa é uma prática «normal»… e a lista não pára.

Por isso é que, ao terceiro mês do ano, não podemos ter dúvidas quando ouvirmos falar da Greve Feminista Internacional. Por isso é que todas e todos, não podemos hesitar em PARAR no dia 8 de Março. É que o feminismo é uma palavra linda, na qual cabem todos os sonhos do mundo: a liberdade, a luta contra o racismo, o machismo, homofobia e xenofobia, a luta de classes, a igualdade, o anticapitalismo, a democracia, o respeito. Não é o ano que traz mudança, és tu. E tu mudas o mundo.

-Sobre a Sara Barros Leitão-

É do Porto, e atualmente trabalha como atriz, criadora, encenadora, assistente de encenação e dramaturga. Feminista, ativista por todas as desigualdades, incoerente e a tentar ser melhor, revolucionária quanto baste, é uma artista difícil de domesticar. É a autora da crónica «Manual de Sobrevivência» na Revista Gerador.

Texto de Sara Barros Leitão
Fotografia de Matilde Cunha

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

11 Março 2024

Maternidades

28 Fevereiro 2024

Crise climática – votar não chega

25 Fevereiro 2024

Arquivos privados em Portugal: uma realidade negligenciada

21 Fevereiro 2024

Cristina Branco: da música por engomar

31 Janeiro 2024

Cultura e artes em 2024: as questões essenciais

18 Janeiro 2024

Disco Riscado: Caldo de números à moda nacional

17 Janeiro 2024

O resto é silêncio (revisitando Bernardo Sassetti)

10 Janeiro 2024

O country queer de Orville Peck

29 Dezembro 2023

Na terra dos sonhos mora um piano que afina com a voz de Jorge Palma

25 Dezembro 2023

Dos limites do humor

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 ABRIL 2024

A Madrinha: a correspondente que “marchou” na retaguarda da guerra

Ao longo de 15 anos, a troca de cartas integrava uma estratégia muito clara: legitimar a guerra. Mais conhecidas por madrinhas, alimentaram um programa oficioso, que partiu de um conceito apropriado pelo Estado Novo: mulheres a integrar o esforço nacional ao se corresponderem com militares na frente de combate.

Saber mais

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0