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Palhetas Perdidas: Associação Cultural Mercado Negro

A caminho do seu 14.º aniversário, a Associação Cultural Mercado Negro está hoje em dia…

Texto de Redação

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A caminho do seu 14.º aniversário, a Associação Cultural Mercado Negro está hoje em dia estabelecida no panorama cultural da cidade de Aveiro, tendo acompanhado o crescimento da dinâmica desta cidade nos últimos anos no que diz respeito à cultura. O espaço onde esta associação leva a cabo a sua actividade é um edifício bicentenário pertencente aos herdeiros de Francisco Simões Dias, e está aberto ao público todos os dias da semana.

“Desde o início, a associação foi como uma pedrada no charco na oferta cultural da cidade”, defende António Silva, actual gerente e responsável pela associação desde 2016. “A sua actividade começou há 14 anos, quando um grupo de jovens liderado pela Paula Guimarães idealizou criar uma associação cultural de forma a recuperar um espaço que estava desactivado (nesse mesmo edifício tinha funcionado até 2000 o Instituto de Administração e Contabilidade de Aveiro), e dessa forma dinamizar também a própria vida cultural da cidade”. Desde então, foram várias as fases que a associação atravessou até aos dias de hoje – se o formato inicial combinava os concertos num auditório, um bar e a chamada “sala da lareira”; com um conjunto de lojas (artesanato, vinis, etc.) que operavam no interior do edifício, a crise de 2010/2011 fez com que essas mesmas lojas deixassem de ser rentáveis, levando os seus responsáveis a abandoná-las e passando a associação a ter um carácter exclusivamente cultural.

No ano de 2016, numa fase de maior estagnação da actividade do Mercado Negro, António Silva assume a gestão da associação, fechando o espaço ao público durante 6 meses com o objectivo de o revitalizar e requalificar. Hoje em dia, além do auditório, bar e sala da lareira, todas os outros espaços são ocupados pela associação e utilizados para a promoção de actividades culturais. “Duas das salas são dedicadas exclusivamente a exposições de artistas – pintores, fotógrafos, artesãos; que aqui queiram expor. Nas outras salas, os acontecimentos variam consoante a semana”, refere António, mencionando desde workshops, apresentações de livros, cursos de línguas, bailes folclóricos, entre outras coisas, com destaque ainda para as eliminatórias do Poetry Slam, que decorrem na associação.

A música, por sua vez, teve sempre uma expressão significativa na programação da Associação Cultural Mercado Negro, até pela forte ligação a essa área por parte de alguns dos membros da equipa. Se pelo auditório da associação passaram já nomes consagrados como Mão Morta ou Rita Redshoes, a predominância na programação acaba por pertencer a bandas emergentes (“algumas das bandas e artistas que eram emergentes quando por cá passaram, hoje são consagradas”, explica António), havendo também uma parte significativa da agenda preenchida por bandas que estejam em digressão e queiram passar por lá. “As bandas, nacionais ou estrangeiras, que conhecem o espaço, querem vir cá quando têm oportunidade, é uma casa especial e as pessoas reconhecem isso”, defende. “Hoje em dia, a oferta cresceu significativamente, pelo que por vezes há mesmo dificuldade em arranjar datas para toda a gente que quer vir cá apresentar os seus projectos.”

Se inicialmente os concertos se realizavam exclusivamente no auditório, a já referida requalificação das outras salas levou também a que a música fizesse parte da rentabilização destas mesmas, através de concertos a solo num formato mais acústico, noites de hip-hop, DJ sets ou jams espontâneas. Assumindo que se procura uma programação acima de tudo diversificada e abrangente, o gerente explica também os efeitos e vantagem que essa versatilidade tem a nível de captação de públicos: “Se a programação se for repetindo as pessoas não sentem tanta necessidade de vir sempre. Deste modo, sabem que se vierem na semana seguinte terão uma experiência musical diferente da que tiveram esta semana.”

Se parte do público-alvo varia consoante o estilo abordado em cada semana, o Mercado Negro, pelas suas características únicas, recebe todos os dias público, independentemente do que está programado. Nesse sentido, é importante referir o peso que tem a comunidade de estudantes de Erasmus na afluência regular daquele espaço, que é segundo o gerente um ponto de encontro para essa comunidade, e também o fenómeno do turismo, que traz regularmente novas pessoas a um espaço que já é uma referência cultural da cidade. “Tendo mais de 200 anos, este é um espaço que pela sua construção deixa as pessoas que por cá passam encantadas”, explica António, revelando também que a faixa etária com mais expressão entre o público que visita a associação está entre os 25 e os 50 anos.

Indissociável será portanto o crescimento da associação do crescimento da dinâmica cultural da cidade de Aveiro, assume o gerente: “Hoje em dia, há uma oferta muito maior do que há 10 anos, e isso deve-se também à política cultural da câmara que tem vindo a mudar aos poucos para melhor.” Ainda que a oferta cultural e os espaços que a promovem tenham aumentado, António acredita ainda que a associação, pelas suas características e pelo seu espaço, tem a sua posição consolidada dentro do panorama actual. Assumidamente com um carácter alternativo, sintetiza o gerente: “Nós não fazemos concorrência a ninguém, e ninguém nos faz necessariamente concorrência.”

Neste contexto, as melhorias para o futuro passam por complementar a oferta já feita com novas iniciativas – está em embrião a criação de um espaço de leitura e de uma cinemateca, havendo também o desejo de ampliar o auditório de forma a poder receber mais pessoas. Contudo, a preocupação principal a longo prazo passa pela manutenção do espaço actual, numa altura em que pelo crescimento do turismo e de hotelaria são crescentes as requalificações de edifícios históricos com propósitos de os destinarem a fins hoteleiros. Reconhecendo o risco de algo semelhante acontecer a médio/longo prazo com o espaço onde a associação está sediada desde a sua criação, António explica que caso tal acontecesse uma transição para outro espaço não seria fácil, dadas as características únicas do edifício onde leva a cabo as suas actividades. Para já, o gerente refere que o futuro a curto prazo naquele espaço está assegurado. Resta esperar que assim permaneça.

Texto de João Espadinha
Fotografias da cortesia da Associação Cultural Mercado Negro

Se queres ler mais crónicas do Palhetas Perdidas, clica aqui.

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