Perto de completar o seu 31.º aniversário, a Rádio Universitária do Minho tem assumido ao longo da sua história um papel relevante no que diz respeito à dinamização da oferta cultural dessa mesma região, e da cidade de Braga em particular, e ao impulsionamento das novas bandas que vão surgindo no panorama nacional.
Após a sua inauguração em Outubro do ano passado, Café Concerto RUM by Mavy é o espaço que acolhe desde então a programação regular de concertos e outras actividades promovidas por esta mesma rádio em colaboração com a Mavy, dando seguimento ao já extenso percurso da RUM no que à actividade cultural diz respeito.
“A RUM sempre foi muito interventiva e desde sempre promoveu eventos, como concertos, conversas, exposições, entre muitas outras coisas, na cidade de Braga e não só, a juntar à sua programação de rádio”, refere João Pereira, natural de Braga, actual responsável pela programação do Café Concerto e com uma ligação de muitos anos à RUM. “Com este novo espaço, foi possível apostar numa programação mais regular, com 2/3 concertos por mês, articulada com o resto da programação do GNRnation, onde estão sediados os nossos estúdios e o espaço do Café Concerto RUM by Mavy”, explica.
Apesar de nomear a rádio como a sua grande paixão, João não deixa de referir a experiência que acumulou a trabalhar em organização e produção de concertos, e em agenciamento de bandas da cidade de Braga. “Na altura (2012), o que me moveu foi precisamente sentir que na minha cidade a oferta que havia no que toca a programação de música era muito curta.”
Localizado no centro de Braga, o GNRation, edifício que agrega diversas start-ups, tem uma oferta bastante significativa no que à música diz respeito, e que não se esgota no Café Concerto RUM, obrigando quem programa a uma gestão cautelosa: “é um exercício que temos de fazer, e que é perfeitamente compreensível”, assume João. Apesar dessa limitação, o programador lembra as vantagens da localização actual do espaço – “Precisamente pela muita qualidade na sua programação, o GNRation possibilita que haja colaborações interessantes entre as diferentes casas lá sediadas”, explica. “Da nossa parte, é essencial estarmos articulados com a cidade e atentos ao que esta oferece em termos de música”, defende, pelo que considera precisamente que a cidade de Braga atravessa actualmente um momento bastante bom no que diz respeito ao surgimento em termos de novas bandas.
Se a exploração do espaço é feita a cargo da marca Mavy (anteriormente responsável pela Livraria Mavy, e cuja venda do espaço coincidiu com a abertura do concurso público para a exploração do Café Concerto) – uma colaboração que se concretizou com naturalidade, dada a boa relação e anteriores colaborações entre as duas partes; para João, o Café Concerto procura precisamente dar corpo à missão interventiva da RUM, já referida anteriormente, e preservar a sua identidade. “Queremos que haja uma ligação entre a música que as pessoas ouvem na rádio e a que que encontram nos concertos.”
Não havendo, segundo o programador, quaisquer “amarras” estilísticas, a RUM assume-se como uma rádio alternativa, cuja missão acaba por se reflectir não só na música que passa, mas também nos seus diferentes programas de autor, e nos diferentes eventos que organiza: “A RUM diferencia-se das outras rádios precisamente por arriscar mais e procurar uma programação que seja ao mesmo tempo alternativa e abrangente”, defende João, “sermos mais alternativos implica arriscar mais nos artistas que passamos e nos estilos de música que oferecemos”. Nessa lógica, o programador, responsável pela rubrica “Português Suave” na RUM, assume ainda o gosto particular que tem em dar a conhecer as bandas emergentes do panorama nacional, e em dar espaço a essas mesmas bandas para se apresentarem ao vivo (“ainda que esteja também prevista a programação de bandas internacionais num futuro próximo”, não deixa de referir).
Assumindo que o projecto se encontra ainda numa fase embrionária, João revela que os primeiros meses têm sido francamente positivos, não deixando de assumir também que o factor “novidade” teve um peso significativo nesse sucesso: “O Café Concerto veio trazer uma coisa nova à cidade que estava a faltar – um espaço tipo bar onde se pudessem consumir concertos”, refere. A juntar ao público local, para quem aquele espaço vai sendo uma paragem habitual, João não deixa de observar que encontra nos concertos muito público que vem de fora da cidade para assistir aos concertos, referindo que grande parte do público dos concertos mantém, também ele, uma ligação enquanto ouvinte com a RUM.
E se até agora o próprio se mostra satisfeito com o desenrolar dos primeiros meses (“ainda não tivemos uma casa fraca até agora”, lembra), João não deixa de referir que, a juntar à satisfação que os bons resultados trazem, “junta-se a vontade em fazer cada vez mais e cada vez melhor.” Lembrando que o espaço ainda é recente, e que ainda existem muitos aspectos a melhorar e desafios inerentes a qualquer casa de música, o programador revela já ter muitas propostas em carteira, desvendado também que a tendência é para que a programação se intensifique nos próximos meses.
Nesse sentido, não descarta a procura de apoios para financiamento dos concertos que, assume, fariam uma diferença significativa no planeamento das actividades culturais, no que diz respeito ao Café Concerto (cujo investimento principal, para já, é feito a cargo da Mavy). “Os principais objectivos a curto prazo passam por conseguir cativar ainda mais público, e conseguir ter mais diversidade na oferta”, algo que, segundo o programador, se consegue estando atento e percebendo o público, assumindo riscos, e procurando mais colaborações – “é mais complicado atingirmos estes objectivos sozinhos do que se tivermos colaborações”, defende.
A juntar à boa relação mantida com o GNRation, João destaca principalmente o facto de a localização central permitir à RUM uma maior proximidade e interacção com outras entidades, e a inclusão em diversas iniciativas organizadas na cidade – exemplifica nessa lógica o Festival para gente sentada, ou o Circuito Supernova (organizado pela Super Bock) – “é importante termos a porta aberta para receber propostas que outros tenham e que aproveitemos essas oportunidades”, conclui.