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Palhetas Perdidas: Porta-Jazz

Prestes a celebrar o seu 10.º aniversário, a associação Porta-Jazz, no Porto, estabeleceu-se ao longo…

Texto de Redação

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Prestes a celebrar o seu 10.º aniversário, a associação Porta-Jazz, no Porto, estabeleceu-se ao longo da última década como uma referência no jazz nacional e na oferta cultural feita no nosso país. Criada em Junho de 2010, procurou desde o seu início estimular a actividade criativa da comunidade local e ser um ponto de convergência entre os músicos dessa comunidade, as diferentes entidades e o público. Nos dias de hoje, entre o festival que organiza anualmente e os ciclos que promove em diferentes espaços e em colaboração com diferentes autarquias, é responsável pela realização de mais de 120 concertos por ano.

Sendo indiscutível o papel que o ensino do jazz teve no crescimento deste estilo em Portugal nos últimos anos, é em parte como consequência da licenciatura de jazz da ESMAE – a primeira no nosso país, que surge a necessidade de se criar uma associação como a Porta-Jazz: “Na altura, havia muitos músicos a saírem da ESMAE, mas que depois acabavam por não ficar por cá por não haver na cidade uma dinâmica forte a nível cultural, nem um sítio onde se pudessem encontrar e interagir uns com os outros”, explica o saxofonista João Pedro Brandão, um dos fundadores da associação e membro da direcção desde o seu início até aos dias de hoje. Segundo o próprio, este acabou por ser um projecto pioneiro e importantíssimo no estímulo que deu à comunidade jazzística daquela cidade: “Havia muitos músicos que estavam dispersos que conseguimos reunir, e muitos projectos com música original que estavam ‘guardados’ e que viemos trazer a público, com um grande esforço da nossa parte.”

O primeiro Festival Porta-Jazz, realizado em Dezembro desse mesmo ano, reuniu em dois dias um leque alargado de concertos, naquela que foi a primeira iniciativa levada a cabo pela associação. O festival, nos diferentes moldes em que tem sido realizado (tanto a nível da duraçã

o e formato como dos diferentes espaços onde foi decorrendo), perdura até aos dias de hoje, com uma regularidade anual. Paralelamente, no outono de 2011 surgiu o ciclo de programação regular aos sábados que também se mantém até hoje (pára apenas nos meses de Agosto e Setembro, nos quais a associação promove o ciclo Jazz ao Relento, realizado nos Jardins do Palácio de Cristal), sendo que, por força das circunstâncias, a sala onde este ciclo decorre tem saltado de morada em morada (com todas as perturbações à programação e dificuldades logísticas que tal implica) ao longo dos anos. O espaço actual, cedido pela Junta de Freguesia do Centro Histórico do Porto, acolhe a Porta-Jazz há pouco mais de um ano, havendo para já a esperança de que a associação se consiga manter com alguma estabilidade nesta mesma sala.

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Festival Porta-Jazz

No que toca aos concertos que nesse ciclo são programados, o âmbito de estímulo à comunidade de músicos local e à interacção com outras comunidades persiste: “Acima de tudo, queremos que não seja apenas um palco. Damos muita importância ao papel que a sala pode ter enquanto espaço para experimentação, ensaio e desenvolvimento de projectos”, explica João Pedro Brandão. Muitos dos concertos são, portanto, resultantes de residências feitas nessa mesma sala: “Interessa-nos fazer as coisas de forma sustentada, que um projecto tenha continuidade depois de se apresentar aqui – idealmente ensaia-se, apresenta-se ao público, e eventualmente grava-se e apresenta-se nos outros eventos que organizamos.” Deste modo, defende, procura-se apoiar os projectos desde uma fase mais inicial até uma fase mais avançada, promovendo-se inclusive a realização de parcerias com músicos que venham de fora da cidade e do país: “Ter alguém de fora a tocar na sala é do interesse de todos, sendo que nos interessa também que a colaboração não acabe aí, e tenha seguimento no futuro.”

Em complemento aos concertos que a associação promove, é importante não deixar de mencionar, nesse sentido, iniciativas como a formação Coreto Porta-Jazz – constituída por 12 músicos da comunidade e já com quatro discos na bagagem; a editora Carimbo Porta-Jazz – que lança anualmente cerca de 10 discos (entre os mais de 50 discos já editados, encontram-se, naturalmente, os do Coreto, e muitos resultantes das residências acima referidas); bem como inúmeras produções em vídeo de concertos. “Foram coisas que foram surgindo de forma natural, como consequência da actividade que íamos desenvolvendo, e que acabam por dar resposta às necessidades que vamos sentindo”, explica João Pedro. Lembrando que durante muito tempo a equipa foi bastante reduzida para toda a actividade que a Porta-Jazz desenvolvia, o saxofonista refere que a intensidade com que essa actividade foi desenvolvida foi sempre a mesma desde o início, e sempre com o mesmo objectivo.

Nesse sentido, destaca a importância dos apoios que a associação tem recebido por parte da DGArtes, bem como as parcerias que foi estabelecendo com diferentes entidades, entre as quais a Faculdade de Engenharia do Porto, responsável pela edição dos discos, a bastante produtiva parceria com a Câmara do Porto (também vão sendo feitas colaborações com outras autarquias), a parceria com o festival Guimarães Jazz, sem deixar de referir a importância das parcerias com os espaços que têm sido cedidos à Associação, para a programação regular que é feita.

Coincidente com a publicação deste artigo, e enquadrada no propósito de dinamização assumido pela associação desde o seu início, é a iniciativa Clubedo, cujo formato já tinha sido concretizado anteriormente: “Logo a seguir ao primeiro festival, fizemos um ciclo de concertos que passou por diferentes clubes da cidade do Porto, em Março de 2011”, lembra João Pedro Brandão. Na edição de 2018 do festival, esse conceito foi resgatado, pelo que esse mesmo ciclo foi integrado no próprio festival, que durou cerca de uma semana. Para a edição que celebra o 10.º aniversário da associação, por sua vez, o formato do festival aproximou-se ao das suas primeiras edições. “Este ano quisemos concentrar o festival em dois dias, para recuperar um pouco aquele que era o espírito inicial do festival”, explica. “Se fazer uma coisa mais estendida de certa forma tem mais visibilidade e ocupa mais a cidade, para a própria comunidade é mais benéfico realizar o festival num formato mais concentrado – permite que os músicos se possam reunir todos e possam assistir aos concertos uns dos outros. Permite também ao público e aos amantes de jazz (especialmente a quem vem de fora da cidade) assistir a um maior número de concertos.” Desse modo, o festival Porta-Jazz decorrerá em fevereiro de 2020, enquanto o Clubedo acontece entre 7 a 9 de Dezembro (datas tradicionalmente destinadas ao festival), funcionando, segundo o saxofonista, como pontapé de saída para o próprio festival.

De um ponto de vista de geral, para a Porta-Jazz os objectivos futuros passam por fazer com que o fenómeno continue a crescer, e que continue a ser enriquecido por interacções com músicos de fora. A prioridade é, portanto, garantir, além da estabilidade do espaço físico, a autonomia para que iniciativas como a vinda de músicos de fora da cidade e do país possam ser feitas sem limitações, contribuindo desse modo para a internacionalização do projecto através da música, das criações e dos discos.

*Texto escrito segundo o Acordo Ortográfico de 1945

Texto de João Espadinha
Fotografias da cortesia da Porta-Jazz

Se queres ler mais crónicas do Palhetas Perdidas, clica aqui.

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