fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Preliminares: Abraça-me

Uma das notícias mais curiosas que li durante o estado de emergência foi o conselho…

Texto de Redação

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Uma das notícias mais curiosas que li durante o estado de emergência foi o conselho dado pela primeira-ministra islandesa para abraçar árvores enquanto não se pode abraçar pessoas. Depois de limpos os caminhos ainda cheios de neve, quem quisesse podia ir à floresta para abraçar as árvores. Esse abraço, segundo os mais entendidos, produzia um efeito de relaxamento profundo que permitia enfrentar o dia de forma muito mais positiva. Quando li esta notícia, lembrei-me imediatamente do que senti quando, na adolescência, me abracei a uma árvore para evitar que a cortassem. Nesse dia, os funcionários da CML teimavam em serrá-la pela base, em vez de apararem os ramos quebrados, algo que me parecia a medida acertada. Lutei e venci essa batalha. O «meu» querido choupo acordava-me todos os dias com o chilrear de mil pássaros e, ao pôr-do-sol, comovia-me com o seu cantar. Crescemos juntos, ele cada vez mais alto, e eu cada vez mais adulta. Foi um abraço especial como tantos outros que tive.

Um abraço forte é um ato de uma enorme proximidade. Não há nada mais reconfortante do que abraçar e ser abraçado por quem se gosta, corpo contra corpo numa união perfeita. O abraço é especialmente gratificante e íntimo quando conseguimos acertar a respiração e o batimento cardíaco com o outro. Muitas pessoas têm dificuldade em ter proximidade física. O abraço nem sempre faz parte do kamasutra comportamental de um casal e, às vezes, só acontece dissimulado durante o ato sexual. Quando acompanho pessoas que têm receio de proximidade física, quer por terem sido privadas de afetos ao longo da sua infância, quer por timidez, sugiro que se inscrevam em aulas de dança. A dança quebra barreiras, tal como a música. E focadas num objetivo de aprendizagem, muitas conseguem ensaiar o seu primeiro abraço, pondo de lado as suas reservas. Os seus corpos, outrora rígidos, aprendem, de forma singular, as vantagens do contacto físico e da proximidade. Depois de aprender a dançar, qualquer pessoa está inevitavelmente mais habilitada para abraçar a intimidade. E enquanto isso não é possível, porque não dançar com as árvores?

*Esta é uma crónica da Marta Crawford, inicialmente publicada na Revista Gerador de junho.

-Sobre a Marta Crawford-

É psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar. Apresentou programas televisivos como o AB Sexo e 100Tabus. Escreveu crónicas e publicou os livros: Sexo sem TabusViver o Sexo com Prazer e Diário sexual e conjugal de um casal. Criou o MUSEX — Museu Pedagógico do Sexo — e é autora da crónica «Preliminares» na Revista Gerador.

Texto de Marta Crawford
Fotografia de Diana Mendes

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

11 Março 2024

Maternidades

28 Fevereiro 2024

Crise climática – votar não chega

25 Fevereiro 2024

Arquivos privados em Portugal: uma realidade negligenciada

21 Fevereiro 2024

Cristina Branco: da música por engomar

31 Janeiro 2024

Cultura e artes em 2024: as questões essenciais

18 Janeiro 2024

Disco Riscado: Caldo de números à moda nacional

17 Janeiro 2024

O resto é silêncio (revisitando Bernardo Sassetti)

10 Janeiro 2024

O country queer de Orville Peck

29 Dezembro 2023

Na terra dos sonhos mora um piano que afina com a voz de Jorge Palma

25 Dezembro 2023

Dos limites do humor

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 ABRIL 2024

A Madrinha: a correspondente que “marchou” na retaguarda da guerra

Ao longo de 15 anos, a troca de cartas integrava uma estratégia muito clara: legitimar a guerra. Mais conhecidas por madrinhas, alimentaram um programa oficioso, que partiu de um conceito apropriado pelo Estado Novo: mulheres a integrar o esforço nacional ao se corresponderem com militares na frente de combate.

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0