fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Rodrigo Andrade

Que país, que planeta?

Nas Gargantas Soltas de hoje, Rodrigo Andrade reflete sobre os desafios ambientais que Portugal e o mundo atualmente enfrentam.

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Recentemente, foram discutidas na Assembleia da República as suiniculturas do concelho de Leiria e os crimes ambientais inerentes à sua existência. Para aqueles que não estão a par, passo a explicar a situação. O concelho de Leiria acolhe cerca de 400 suiniculturas que, frequentemente, promovem descargas de efluentes suinícolas para a Bacia do Rio Lis. Como devem adivinhar, este encontra-se extremamente poluído, a população queixa-se regularmente do cheiro proveniente desta poluição e este rio, que em tempos era utilizado pelos populares para se banharem, constitui agora um verdadeiro perigo para a saúde pública. 

Assisti a este debate com atenção e este serviu para me relembrar, mais uma vez, dos desafios ambientais que o nosso país enfrenta. Poucos dias antes desta discussão, a 7 de maio, a Associação Zero partilhou que se a humanidade consumisse como Portugal, os recursos do Planeta esgotar-se-iam nesse dia. Sim, a 7 de maio, quando nem sequer a meio do ano vamos. Para acrescentar a isto, a 11 de maio Emmanuel Macron, em tempos o baluarte do combate às alterações climáticas na Europa, pediu que houvesse ‘’uma pausa’’ no avanço de normas ambientais da União Europeia. Dizia que já tínhamos feito demasiado e que tínhamos de esperar que os outros países acompanhassem os nossos avanços. Deprimente, é verdade, mas foi a este o ponto que chegamos. O ponto em que temos de parar de fazer os avanços que nos competem porque os outros países não fazem, infelizmente, a parte deles.

Recebi a declaração do presidente francês com especial choque. O nosso planeta está a morrer, estamos cada vez mais perto do ponto de não retorno e continuamos a guiar a nossa política ambiental pelos mínimos exigidos e nem isso conseguimos cumprir! O acordo de Paris estabeleceu que deveriam ser feitos esforços para manter o aumento da temperatura global da Terra em 1.5.ºC. Este compromisso, por si só, é chocante. Devíamos ser mais ambiciosos e querer diminuir ainda mais o aumento da temperatura global da Terra, mas ficamos pelos 1.5.ºC. Agora, prevê-se que cumprir esta meta será impossível.

Com isto, chego a Portugal. Somos um país pequeno e que pouco impacto tem no que são as contribuições a nível global para o aquecimento do planeta. No entanto, não nos podemos demitir de fazer o que é certo no pouco território que nos compete e os desafios não são poucos. No Algarve, está em risco de ser destruída a Zona Húmida das Alagoas Brancas para dar lugar a um centro comercial. Em Tróia, abre-se caminho para mais alojamentos turísticos de luxo que põem em causa o ecossistema dunar entre Tróia e Melides. Em Ovar, teme-se o abate massivo de pinheiro-bravo e consequente destruição do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar. Em Leiria verifica-se o que descrevi anteriormente. Todas estas circunstâncias merecem a nossa preocupação. 

Portugal tem desafios ambientais sérios que não podem ser esquecidos. Quando surge a oportunidade de os resolvermos, não nos podemos ficar pelos mínimos dos mínimos ou tentar arranjar um compromisso entre as entidades poluidoras e a proteção ambiental. Na verdade, o mínimo que podemos exigir é a proteção total dos habitats e ecossistemas em questão. Para concretizarmos a proteção do ambiente em Portugal, é preciso ultrapassar a lógica do lucro máximo e desregulado em detrimento da preservação dos habitats e ecossistemas, algo que tem reinado desde sempre no nosso país. Um passo difícil de dar, é certo. Os interesses económicos são muitos e têm muito poder e influência, mas este é um passo necessário se queremos concretizar uma política ambiental séria em Portugal.

-Sobre Rodrigo Andrade-

Rodrigo Andrade tem 23 anos e é natural do Bombarral, uma pequena vila no sul  do distrito de Leiria. As ambições académicas levaram-no para Lisboa, onde se licenciou  em Ciência Política no Iscte. Seguiu-se o mestrado na mesma área, uns dirão devido ao  gosto pelo tema, outros por falta de originalidade, mas desta vez com especialização em  Comunicação Política e Opinião Pública. Divide o seu tempo entre a terra de sua  naturalidade e a capital portuguesa e dá o seu melhor para se envolver e dinamizar a vila  onde reside. Para além da política, é interessado por ambientalismo, associativismo e pelo  passado histórico português, mais concretamente pelo período do Estado Novo e como o  seu legado se reflete nos dias que correm.

Texto de Rodrigo Andrade
Fotografia de Associação Cultural Marquesa de Ciranda
As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

25 Julho 2024

Carta do Leitor: A ironia política dentro da violência

23 Julho 2024

Tranças de resistência

18 Julho 2024

Carta do Leitor: Admitir que não existem minorias a partir de um lugar de (semi)privilégio é uma veleidade e uma hipocrisia

16 Julho 2024

Assassinato de carácter: o (pré)juízo de Cláudia Simões

11 Julho 2024

Carta do Leitor: Afinar a curiosidade na apressada multidão

9 Julho 2024

Sobre a Necessidade (o Dever) de Reconhecer o Estado da Palestina

4 Julho 2024

Exames nacionais? Não, obrigado

3 Julho 2024

Carta do Leitor: Programação do Esquecimento

2 Julho 2024

Mérito, PIB e Produtividade: a santíssima trindade em que temos de acreditar

27 Junho 2024

Carta do Leitor: Assim não cumpriremos abril

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura II – Redação de candidaturas [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e manutenção de Associações Culturais (online)

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 Julho 2024

A nuvem cinzenta dos crimes de ódio

Apesar do aumento das denúncias de crimes motivados por ódio, o número de acusações mantém-se baixo. A maioria dos casos são arquivados, mas a avaliação do contexto torna-se difícil face à dispersão de informação. A realidade dos crimes está envolta numa nuvem cinzenta. Nesta série escrutinamos o que está em causa no enquadramento jurídico dos crimes de ódio e quais os contextos que ajudam a explicar o aumento das queixas.

5 JUNHO 2024

Parlamento Europeu: extrema-direita cresce e os moderados estão a deixar-se contagiar

A extrema-direita está a crescer na Europa, e a sua influência já se faz sentir nas instituições democráticas. As previsões são unânimes: a representação destes partidos no Parlamento Europeu deve aumentar após as eleições de junho. Apesar de este não ser o órgão com maior peso na execução das políticas comunitárias, a alteração de forças poderá ter implicações na agenda, nomeadamente pela influência que a extrema-direita já exerce sobre a direita moderada.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0