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Todos São Palco arranca a 12 de setembro com espetáculos que questionam “identidades fixas”

Entre 12 de setembro e 31 de outubro, as peças da 4.ª edição da Mostra de Teatro Brasileiro da companhia conimbricense “O Teatrão” vão passar pelos palcos de Coimbra, Aveiro, Matosinhos, Loulé, Lousã, Águeda, Ourém, Santarém, Marinha Grande e Torres Vedras. As obras de José Celso Martinez Corrêa e Augusto Boal são alguns dos destaques.

Texto de Débora Cruz

“Revolução na América do Sul”. Fotografia cortesia d’O Teatrão

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Na sua quarta edição, a Mostra São Palco renasce como Todos São Palco. É a primeira vez que o evento bienal inclui na sua programação outras regiões do Brasil e da América do Sul, trazendo o teatro de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Argentina para os palcos nacionais. Aproveitando a boleia dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril, o evento tem como foco dois dos principais criadores brasileiros da segunda metade do século XX: Augusto Boal e José Celso Martinez Corrêa.

“Esta mostra quer estabelecer canais de reflexão sobre a ligação entre Portugal e Brasil, do ponto de vista teatral”, explicou Jorge Louraço Figueira, curador da mostra, durante a conferência de imprensa de apresentação do evento, no dia 4 de setembro, na Oficina Municipal de Teatro, em Coimbra. Augusto Boal e José Celso passaram por Portugal quando estiveram exilados no país, na década de 1970, e o curador espera que esta edição demonstre como a Revolução dos Cravos impactou estes artistas, que constituem “um emblema do tropicalismo” e foram “importantes” para o teatro português no pós-revolução.

Fundado por José Celso, em 1994, o Teatro Oficina chega do Brasil para realizar um mês de estágio numa das Capitais Portuguesas da Cultura. O Teatro Aveirense vai receber, a 19 de outubro, o espetáculo “Paranoia”, a partir de poemas de Roberto Piva e com encenação de Marcelo Drummond. Por sua vez, “Esperando Godot”, uma adaptação do clássico de Samuel Beckett, vai passar pelo Teatro Municipal da Lousã, pelo Centro de Artes de Águeda, pelo Teatro Aveirense e pelo Convento São Francisco, em Coimbra.

Produzida pelo Instituto Augusto Boal, a “Revolução na América do Sul” vai estar no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), no Cineteatro Louletano, no Teatro Municipal de Ourém e no Cineteatro Constantino Nery, em Matosinhos. Num solo adaptado a partir de uma autobiografia de Augusto Boal, “Hamlet 16×8”, interpretado por Rogério Bandeira e encenado por Marco António Rodrigues, vai passar pelo Teatro Aveirense, pelo Teatro Sá da Bandeira, em Santarém, pela Casa da Cultura Teatro Stephens, na Marinha Grande, e, finalmente, pela Oficina Municipal do Teatro, em Coimbra.

Já a obra de Tiziano Cruz, um artista argentino que chega ao Todos São Palco com o apoio do Iberescena, estreia-se na mostra com “Wayqeycuna [Meus Irmãos]”. A obra, que articula as memórias de infância do artista, no interior do norte argentino, com manifestos políticos sobre o mercado de arte e o privilégio de classe, vai passar pelo Teatro da Cerca de São Bernardo (Coimbra) e pelo Cineteatro Constantino Nery, em Matosinhos.

Sobre as pontes entre as peças escolhidas, Jorge Louraço Figueira dá conta de que todos os espetáculos “tentam pôr em causa tudo o que sejam identidades fixas”. Para além das obras teatrais, a Mostra de Teatro Brasileiro do Teatrão vai contar ainda com uma série de atividades paralelas, nomeadamente exposições, clubes de leitura, exibição de filmes e oficinas de atuação e dramaturgia. O curador confere destaque às exposições “O exílio português de José Celso Martinez Corrêa” e “Meus Caros Amigos – Augusto Boal – Cartas do exílio”. 

“Para quem se interessa pelo teatro brasileiro, e para quem se interessa pelo teatro em geral, [as exposições] são uma ótima oportunidade de perceber como é que este grupo se consolidou, e como é que [os artistas] se relacionaram com as nossas políticas em Portugal”, sustenta o curador.

Isabel Craveiro e Jorge Louraço Figueira na conferência de imprensa de apresentação do Todos São Palco. Fotografia da Câmara Municipal de Coimbra | João Paulo Silvano


O teatro em rede e a “oportunidade de troca” entre diferentes públicos e comunidades

Durante a conferência de imprensa de apresentação do evento, Isabel Craveiro, diretora artística da companhia conimbricense O Teatrão, enfatizou que, através de uma programação descentralizada que escapa ao eixo Lisboa-Porto, a mostra materializa os objetivos da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses. “Esta é uma operação de trabalho e programação em rede que muito nos honra, porque conseguimos associar a esta programação uma expressiva colaboração de vários teatros do nosso país, que conseguem concretizar esta mostra numa circulação de teatros com expressão nacional.”

Todos São Palco é uma produção da companhia conimbricense O Teatrão, em coprodução com o Teatro Aveirense, TAGV, Cineteatro Constantino Nery, Cineteatro Louletano, Convento São Francisco, Centro de Artes de Águeda, Cineteatro da Lousã, Teatro Municipal de Ourém, Teatro Sá da Bandeira, Escola da Noite, Casa da Cultura Teatro Stephens e Teatrocine de Torres Vedras.

O curador da mostra, Jorge Louraço Figueira, salientou que, em comum, estes teatros partilham o interesse em projetos de médio e longo prazo e em trabalhos que sejam acompanhados por alguma contextualização, com atividades paralelas e uma lógica de programação identificável. “Quando o espectador for [à mostra], não vai apenas ver mais um espetáculo. Vai ter uma experiência que faz parte de um todo, que permite conhecer um pouco mais daquilo que é a cultura, a arte e artistas de outro lugar.”

Por outro lado, o curador ressalva que a descentralização dos espetáculos é também motivada pelos fluxos migratórios entre Portugal, Brasil e outros países. “As pessoas não vão só a Lisboa e Porto, na verdade, vão mais a outros lugares. É mais do que pertinente que esta rede se construa no coração de Portugal, que não se resume só às capitais. Graças aos teatros que fazem parte desta mostra, é possível ter um trabalho que reflete o território, e que tem uma noção de que é preciso fazer algo mais do que apenas a espuma dos dias.”

Em declarações ao Gerador, Isabel Craveiro enfatizou ainda que a mostra vai ser uma “oportunidade de troca” entre diferentes públicos e comunidades. “Interessa-nos muito, por todas as circunstâncias artísticas e sociais do nosso trabalho, perceber o que é a produção e a criação artística de um país que fala a mesma língua, e que se cruza hoje — e há muitos séculos — connosco. Do ponto de vista cultural, [o Brasil] tem, hoje em dia, uma expressão fortíssima no nosso país, mas esta é mais uma maneira de nos aproximarmos e dialogarmos com todos os públicos.”

O evento conta com financiamento da Direção-Geral das Artes e o apoio do Programa Iberescena. O Instituto de Estudos Brasileiros (Universidade de Coimbra), o Centro de Estudos de Teatro (Universidade de Lisboa) e o Museu Nacional do Teatro e da Dança são as entidades parceiras da mostra. 

O Todos São Palco arranca já no dia 12 de setembro, no TAGV, às 21h30, com a peça “Revolução na América do Sul”, de Augusto Boal.

Para consultares toda a programação, podes clicar, aqui.

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