No momento em que entramos num novo confinamento, olhamos para os dados que recolhemos acerca do comportamento dos portugueses durante as primeiras restrições. Como é sabido, a Internet e os mais diversos equipamentos digitais tiveram um grande impacto na forma como vivemos este primeiro confinamento, não só por terem facilitado a comunicação entre as pessoas, quer a nível profissional, quer pessoal, mas também por terem proporcionado a aquisição de bens e de serviços online.
Na altura do questionário, mais de 60% dos portugueses haviam feito pelo menos uma compra através da internet, com especial destaque para a região do grande Porto. Este é um número muito expressivo, com principal preponderância entre os 25 e os 44 anos, nas idades em que, por norma, há mais independência do poder de compra e uma reduzida iliteracia digital.
Os moradores do Grande Porto são consideravelmente (mais de 20 pontos percentuais de diferença) distintos dos habitantes da Grande Lisboa, no que às compras pela internet diz respeito.


Alimentação, tecnologia e roupa foram os artigos mais procurados pelos portugueses nestas compras, seguidos de artigos de beleza e de farmácia. Há uma grande diversidade de produtos adquiridos através online, podendo revelar um relativo à vontade dos portugueses neste tipo de compras, mesmo que a pandemia possa ter prestado um maior impulso a essa situação.
No que diz respeito à cultura, foram os livros o produto mais comprado, com 23% dos inquiridos a afirmar que já tinham feito esse tipo de compras desde o início das restrições. Apenas 2,4% tinham comprado arte e 1,5% tinham pago por espetáculos online.
Apesar de uma grande maioria dos portugueses não estar disponível para pagar por eventos culturais através da internet, há dimensões artísticas que já revelam números interessantes, com preços médios que não se afastam significativamente dos valores praticados nos eventos presenciais. Este é, por exemplo, o caso dos concertos, uma vez que 20% dos inquiridos estão disponíveis para pagar por concertos através da internet, e 34% estão disponíveis para pagar para ver um filme.


O Barómetro Gerador Qmetrics é um estudo anual que analisa a opinião dos portugueses sobre a cultura. Realizado pela primeira vez em 2019, o âmbito do questionário deste ano incidiu, principalmente, nas consequências da pandemia na sociedade e na cultura. Sabe mais sobre o relatório de 2020 aqui e pede o teu relatório completo aqui.
Síntese Ficha Técnica
O universo do estudo é constituído por indivíduos com idade igual ou superior a 15 anos, residentes em Portugal Continental e Ilhas. A Amostra, com 1.201 entrevistas validadas, foi estratificada por região, sexo e escalão etário, em Portugal Continental, e por Ilhas, e distribuída em cada estrato de acordo com a repartição da população alvo em cada estrato. As entrevistas foram realizadas de 20 de abril a 7 de maio de 2020, através de um questionário aplicado online utilizando o método CAWI (Computer Assisted Web Interview). Os resultados são apresentados com um nível de confiança de 95%. A margem de erro para a média na escala 1 a 10 é de 0,15 pontos e a margem de erro para a proporção é de 2,83 pontos percentuais.