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Afiar a Língua: Sobre expressões de cortesia

Bem-vindo, 2020! Iniciamos o ano em forma de agradecimento. Aproveito para desejar a todos os…

Texto de Ana Salgado

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Bem-vindo, 2020! Iniciamos o ano em forma de agradecimento. Aproveito para desejar a todos os leitores um excelente ano e para falar do tema.

«O que sei é que as expressões de cortesia estão a rarear, não por culpa do idioma, que nelas é fértil, mas por culpa dos falantes.», lamentava-se Vasco Botelho de Amaral (Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português).

O mote de hoje é agradecer a todos os que fazem parte das nossas vidas e que nos alegram, que nos fazem sonhar e acreditar. Palavras como «obrigado», «agradecido», «grato» não devem ser esquecidas e o seu uso diário é recomendável. Além disso, ser grato pelas pequenas coisas da vida aporta grandes benefícios.

Na hora do agradecimento, estes são alguns dos vocábulos mais usados pelos portugueses:

  • Agradecido, que se relaciona etimologicamente com as graças que se dão reconhecidamente.
  • Grato, que assenta no latim gratus, isto é, acolhido com reconhecimento.
  • Bem haja, fórmula portuguesa que traduz um reconhecimento sincero de quem apenas deseja que o bem recaia na pessoa que motivou o agradecimento. Aproveito para informar que a expressão não é hifenizada e que no plural usamos «bem hajam».
  • Obrigado vem do latim obligatu-, particípio passado do verbo obligare, «ligar; empenhar; comprometer». O vocábulo corresponde ao particípio passado de obrigar, um adjetivo que, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências (2001), é definido como «que tem uma dívida de gratidão para com alguém», podendo ser sinónimo de agradecido, grato ou reconhecido.
  • Enquanto forma de agradecimento, a palavra obrigado deve concordar em género e número com o sujeito que agradece: obrigado, se se tratar de um sujeito masculino; obrigada, se se tratar de um sujeito feminino; obrigados, se se tratar de um sujeito masculino plural; obrigadas, se se tratar de um sujeito feminino plural.

Napoleão Mendes de Almeida, no seu Dicionário de Questões Vernáculas, afirma: «Não importa que o agradecimento seja formulado a homem ou a mulher; o que importa é quem expressa a gratidão, se mulher ou homem».

A concordância é feita com quem expressa o agradecimento, não com a pessoa que o recebe. Se for um agradecimento coletivo, o plural deve ser usado. Se duas pessoas fazem um favor a uma mulher, esta deve responder «obrigada» e não «obrigados», porque a pessoa que fica grata é a mulher. Já um grupo de homens agradece com «obrigados».

Apesar de a palavra obrigado ser correntemente usada como interjeição de agradecimento independentemente do sujeito falante (forma invariável, sempre «obrigado»), esse uso não é recomendável. Embora o feminino esteja a deixar de ser usado, e as formas plurais, que deveriam teoricamente ser utilizadas no agradecimento feito em nome de várias pessoas, sejam cada vez menos frequentes, a concordância com o sujeito que agradece deve ser estabelecida.

Continuemos a afiar a língua por este novo ano fora.

Caro leitor, expresse a sua gratidão, faça alguém sorrir! Continuemos, assim, a afiar a língua neste ano que se espera próspero e sorridente.

Texto de Ana Salgado
Ilustração de Amalteia

Se queres ler mais crónicas do Afiar a Língua, clica aqui.

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