fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

COOK4ME BEM COMER – O SÁVEL

O Sável comum tem o nome científico “Alosa Alosa”. Trata-se de um peixe pelágico, que…

Texto de Margarida Marques

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

O Sável comum tem o nome científico “Alosa Alosa”. Trata-se de um peixe pelágico, que sobrevive no oceano aberto, não se alimentando dos fundos dos mares.

Realiza a desova em rios de corrente lenta, mas normalmente em zonas mais perto da nascente que o seu primo menor Savelha (Alosa Fallax), também ela comestível.

Mal comparada, no prato a Savelha parece uma sardinha de carne menos firme, mas de sabor semelhante. E nas espinhas sai indubitavelmente ao primo Sável.

Voltando ao Sável, no mar, os adultos desta espécie alimentam-se de zooplâncton (larvas de crustáceos e de peixes), enquanto nas águas salobras comem sobretudo crustáceos.

Aproximam-se dos estuários em fins de Fevereiro e sobem os rios na Primavera. Primeiro os machos e cerca de uma semana depois as fêmeas. Permanecem na área de reprodução durante algum tempo e a maioria morre antes de voltar ao mar.

Existem também populações de sável que se alimentam e crescem nas águas doces, sem nunca terem tido contacto com o mar, por exemplo nas barragens de Castelo de Bode e da Aguieira. Gastronomicamente são inferiores ao “sável de arribação”, de carne menos firme e saborosa.

O interesse económico (e gastronómico) do Sável, sobretudo para as populações ribeirinhas, é muito grande. Na sua época dourada, nos anos 30 e 40 do século passado, dava de comer (em vários sentidos) a milhares de famílias, desde o Minho ao Guadiana. Varinos e Avieiros pescavam-no por arrasto ou utilizando as redes “saveiras” de emalhar. Durante a época desta faina, de Janeiro a Abril, conseguiam “fazer o ano”.

Hoje - e devido à sobrepesca e à construção de barragens – já não seria possível viver todo o ano do resultado da pesca sazonal. O Sável está em perigo.

Recupero um texto do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade: “Tendência Populacional: Acentuada regressão – não só do número de reprodutores mas também da área de habitat utilizável, a qual se considera inferior a 70 Km2 - em todas as bacias hidrográficas, sendo particularmente grave no Rio Guadiana, onde se considera que a população seja residual…”

Cozinha-se o Sável de várias maneiras, desde o escabeche à fritura, passando também pela grelha simples. A espessura das postas tem a ver com a utilização. Para o escabeche e para a fritura têm de ser tão finas quanto se conseguir. Se o destino for a grelha já podem e devem ser “postas” mais encorpadas, para que não sequem demasiado ao lume.

E quando as fêmeas grandes são apanhadas ainda com ovas (o que fará muito mal à conservação da espécie) estas permitem enriquecer a plebeia açorda ribatejana de forma incomparável.

Uma das minhas memórias gastronómicas mais relevantes tem a ver com uma noite fantástica, passada em Cascais com 4 amigos , em redor de uma fêmea Sável de quase 5 kg, que se decidiu cozer em vapor com batatas novas e cebolinhas. O grande problema foi despinhá-la sem que se estragassem os filetes… Mas com paciência e arte lá se conseguiu resolver o assunto. E estava de cair para o lado.

De facto as espinhas do Sável são um bico-de-obra, muito finas e abundantes perpassam o corpo inteiro sem deixar nada de fora da sua influência. Por esse motivo quando se frita o peixe é necessário deixar que ele passe antes umas horas largas (entre 12h e 24h) dentro de uma marinada que mete limão, vinho branco, alhos e pimenta preta, para que as tripas se vão desfazendo.

O vinho ideal para acompanhar um Sável frito com açorda de ovas, segundo a tradição, será um branco gordo e encorpado ou um tinto jovem. Mas a opção por um dos bons Rosés nacionais não está fora de causa. São muito recomendáveis os das casas Valle Pradinhos, Dona Maria ou Vinha Grande.

Ou então, ousem ir mais longe na iconoclastia e abram um belo espumante bruto. Neste caso talvez um blanc de noirs. O “Kompassus” de 2013 (Bairrada) é muito bom. E custa cerca de 16€.

Manuel Luar

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

3 Abril 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 10

27 Março 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 9

20 Março 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 8

13 Março 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 7

6 Março 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 6

28 Fevereiro 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 5

21 Fevereiro 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 4

14 Fevereiro 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 3

7 Fevereiro 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 2

31 Janeiro 2020

Bem Comer: A carne é fraca. Número 1

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e manutenção de Associações Culturais (online)

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura II – Redação de candidaturas [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 Julho 2024

A nuvem cinzenta dos crimes de ódio

Apesar do aumento das denúncias de crimes motivados por ódio, o número de acusações mantém-se baixo. A maioria dos casos são arquivados, mas a avaliação do contexto torna-se difícil face à dispersão de informação. A realidade dos crimes está envolta numa nuvem cinzenta. Nesta série escrutinamos o que está em causa no enquadramento jurídico dos crimes de ódio e quais os contextos que ajudam a explicar o aumento das queixas.

5 JUNHO 2024

Parlamento Europeu: extrema-direita cresce e os moderados estão a deixar-se contagiar

A extrema-direita está a crescer na Europa, e a sua influência já se faz sentir nas instituições democráticas. As previsões são unânimes: a representação destes partidos no Parlamento Europeu deve aumentar após as eleições de junho. Apesar de este não ser o órgão com maior peso na execução das políticas comunitárias, a alteração de forças poderá ter implicações na agenda, nomeadamente pela influência que a extrema-direita já exerce sobre a direita moderada.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0