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Palhetas Perdidas: Barzinho

Integrada no concelho de Mafra, a aldeia de Ribamar está localizada a cerca de 3…

Texto de Redação

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Integrada no concelho de Mafra, a aldeia de Ribamar está localizada a cerca de 3 quilómetros da estância balnear da Ericeira, contando com aproximadamente 1800 habitantes. É nesta pequena povoação que encontramos o Barzinho, espaço que abre portas ao público todos os dias da semana, e mantém uma ligação com a música quase desde o início da sua atividade, sendo já uma referência cultural no concelho para quem queira ouvir (boa) música ao vivo.

A aposta em concertos neste espaço surgiu como consequência natural do seu aumento em dimensão ao longo dos anos, e como resposta a uma necessidade de propostas culturais numa zona marcada pelo seu forte fluxo turístico e pela diversidade de culturas e nacionalidades que por lá se encontra. “Queríamos um espaço onde qualquer pessoa se sentisse em casa e se sentisse bem tratada”, explica António Batalha, natural de Ribamar, e ligado ao Barzinho desde o seu início, como consequência do facto do seu pai, Afonso Batalha, ter sido o fundador do mesmo.

Tendo começado a ajudar no bar por volta dos seus 14/15 anos, António voltou a colaborar com o Barzinho há cerca de quatro anos, quando juntamente com o pai decidiu retomar as rédeas do mesmo, após um período em que este esteve sob outra gerência. Hoje em dia, António não só explora e gere o bar, como é responsável pela programação musical, proporcionando a quem frequenta o espaço uma oferta sólida de concertos, de forma regular e diversificada, e com um nível alto de exigência a nível da qualidade. Nesse sentido, refere: “Qualquer proposta cultural que seja considerada interessante tem espaço na nossa programação.”

Se aos sábados e domingos, a programação é feita de forma a equilibrar as diferentes estéticas musicais, e propostas que variam desde bandas de tributo a projetos de música original; as quartas-feiras são noites de jam session, sendo segundo António um dos pratos fortes da agenda musical do Barzinho. Com um grupo residente composto pelo guitarrista Manuel Rocha, pelo baixista americano Bruce Henry, e pelo baterista Tino Dias, as noites de quarta-feira baseiam-se não só na flexibilidade e abrangência estilística (toca-se desde jazz através dos standards, a blues, funk, entre outros géneros musicais) como também na sua abertura relativamente a quem participa, e no caráter informal das próprias sessões. “As jam sessions são, possivelmente, o maior reflexo do espírito que queremos que o Barzinho tenha: que seja um sítio de convívio, neste caso entre músicos, e uma plataforma para a partilha de música e de ideias entre as pessoas que cá vêm”, explica o gerente.

Luísa Caseiro, cantora de 27 anos, confirma a quem escreve a aura especial que se sente ao entrar num espaço onde os instrumentos estão à vista de todos e ao alcance de quem queira tocar, e onde a música está sempre presente seja através dos concertos ou dos discos que por lá se fazem ouvir. Natural da Ericeira, Luísa tem já uma ligação forte com o Barzinho, tanto pelos concertos a que assistiu por lá, quanto por aqueles nos quais participou. Nesse sentido, destaca o trabalho de pesquisa levado por quem programa, tal como a já referida abertura a diferentes estilos: “Vi aqui imensos concertos, de músicos como o Ricardo Pinheiro ou Ciro Cruz, e cheguei mesmo a atuar mais do que uma vez com o projeto Bug”, refere. Destacando o peso e a importância que o Barzinho tem no contexto cultural do concelho, Luísa dá também ênfase às jam sessions, onde chegou a participar de forma assídua, confessa, acompanhando a crescente dinâmica destas noites nos últimos anos.

Para António, noites como as de quarta-feira revertem para a criação de comunidade de músicos na zona, funcionando as jam sessions como um ponto de encontro de um grupo de músicos e amantes de música no geral, vindos de vários pontos do concelho. Tanto estas últimas, como os concertos que acontecem com regularidade, são de entrada gratuita, com o intuito de atrair pessoas de fora para a aldeia: “Se dependesse da população que vive mesmo em Ribamar não faria sentido esta aposta em música ao vivo”, assume o gerente. Nesse sentido, o modo como o bar vai funcionando e a resposta que recebe do público face ao investimento que é feito em música ao vivo tornam o modelo atual rentável, indo ao encontro daquilo que é o espírito e a missão do bar, defende.

Numa zona de forte atração turística, mas onde muitos estrangeiros se acabam por fixar, não é de todo surpreendente a heterogeneidade do público que frequenta o Barzinho: “No inverno, os clientes que temos são maioritariamente locais, enquanto, no verão, mais de metade das pessoas que aqui passam são turistas e malta que está de passagem”, explica António. Segundo o próprio, tal diferença explica-se não só pelo aumento do volume de turismo nos meses de verão, mas também pela menor frequência nesses meses por parte dos habitantes locais que, nessa altura do ano, acabam eles próprios por ter mais trabalho, necessariamente ligado ao turismo.

No contexto atual, mesmo tendo em conta a oferta que o Barzinho já faz, ideias para alargar essa mesma oferta não faltam. Se uma das intenções passa até por realizar eventos fora do Bar, mas com o cunho deste, na agenda semanal do bar os finais de tarde de domingo serviram já de suporte para concertos de música clássica e de um ciclo de cantautores, sendo que essa uma aposta que eventualmente poderá ganhar maior expressão no futuro, segundo António. A juntar à música, não esconde ainda o gerente a vontade de aproveitar o espaço do bar para a realização de exposições de pintura e fotografia, e de workshops.

Contando já com mais de três décadas de existência (a sua fundação data de 1988), o Barzinho continua a procurar fomentar a sua ligação à aldeia de Ribamar e à música. Neste contexto, e segundo o seu responsável atual, o crescimento e futuro deste bar passam precisamente pela continuação e melhoramento da aposta atual, seja no aumento do número de concertos e eventos, como na abertura a cada vez mais estéticas e propostas culturais.

Texto de João Espadinha
Fotografia da cortezia de Barzinho

Se queres ler mais crónicas do Palhetas Perdidas, clica aqui.

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