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Palhetas Perdidas: Festival Matosinhos em Jazz

A celebrar presentemente a sua 17.ª edição, o festival Matosinhos em Jazz traz, durante o…

Texto de Redação

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A celebrar presentemente a sua 17.ª edição, o festival Matosinhos em Jazz traz, durante o mês de julho, à cidade uma forte e variada oferta de concertos ao ar livre, reunindo tanto nomes conhecidos do panorama nacional como Ricardo Toscano, Bruno Pernadas ou Salvador Sobral, como artistas internacionais como Fay Klaasen e Avishai Cohen.

Apesar da sua já longa história, o festival apresenta-se, desde a edição anterior a esta, num formato diferente, após um interregno de quatro anos. “Anteriormente, o festival acontecia em meados de maio, resumindo-se a um fim de semana, com cerca de 1, 2 concertos por dia, sempre em espaços fechados”, lembra o Vereador Fernando Rocha, da CM de Matosinhos, com o pelouro da cultura há 22 anos.

Sentida a necessidade de parar e repensar os moldes em que o mesmo acontecia, o festival regressou em 2018, passando a ser realizado ao longo de todo o mês de julho, com concertos ao final da tarde nos fins de semana. Os mesmos passaram a decorrer no coreto existente no Jardim Basílio Teles, com o objetivo claro de “levar o jazz às pessoas”, e de captar novos públicos e novas gerações para o festival. Nesse sentido, o festival procurou também ser mais abrangente estilisticamente na sua programação, de forma a incluir “não só o jazz na sua forma mais pura e tradicional, mas também as diferentes ramificações que dele provêm”, explica o vereador.

Logo no primeiro fim de semana do festival, as duas propostas atestaram essa mesma diversidade e abrangência: se o arranque ficou a cargo de Ricardo Toscano Quarteto, que lançou, no final de 2018, o seu disco estreia (homónimo), no dia seguinte, foi a vez da cantora Inês Pimenta levar a Matosinhos o seu grupo, apresentando o seu primeiro E. P., Son of Daedalus. De 31 anos e natural de Lisboa, também Inês faz referência à elasticidade que o significado da palavra jazz hoje em dia possui, lembrando no entanto que, mesmo no caso do seu projeto, “não deixa de haver uma componente de improvisação e de expressão individual que são caraterísticas ao estilo”, não deixando também de referir os arranjos que foram feitos sobre temas do cancioneiro norte-americano, com vista a enaltecer a vertente mais tradicional do estilo, em complemento às suas composições originais. Do que fica da experiência que teve no Matosinhos em jazz, a cantora destaca a envolvência que o coreto onde atuou proporciona a quem está a tocar, na relação com o público. Opinião também partilhada por Fernando Rocha, que assume que a aura que o espaço tem naturalmente, pelo imaginário musical que lhe está associado, sendo um dos pontos fortes do formato atual do festival.

Inês Pimenta no Festival Matosinhos em Jazz

Da edição anterior para a atual, o Fernando Rocha refere que houve um crescimento do festival na sua dimensão e investimento, estando planeado que cresça ainda mais para a edição de 2020. A colaboração com a Arruada, parceiro estratégico neste novo formato e responsável pela programação, revelou ser uma fórmula de sucesso, segundo o vereador que considera que a agência “se tem integrado perfeitamente na nossa estratégia com as propostas que faz”. Nesse sentido, o mesmo defende que o crescimento do Matosinhos em jazz deve acontecer de forma sustentável e consistente “de ano para ano há que ir revendo os moldes, ver o que correu bem e menos bem, e ir fazendo alterações cirúrgicas de forma a melhorar a experiência”, lembra.

A juntar aos concertos, seria injusto não referir a outra vertente do Matosinhos em jazz, nomeadamente a exposição de capas de discos icónicos do jazz, recriadas por um leque de artistas convidados, de áreas como design e a fotografia. A exposição é feita no jardim público onde o festival decorre, acabando por funcionar, juntamente com os concertos, como fator de atração de um público heterogéneo e diversificado.

Se pelo cariz gratuito e pela sua localização central o festival seria já de fácil acesso a diferentes públicos, a predisposição para o jazz da cidade de Matosinhos é notória, mesmo para quem não habita nela, sendo impossível, neste aspeto, ignorar o papel da Orquestra de Jazz de Matosinhos, que desenvolve há mais de 20 anos uma atividade ímpar a nível nacional, sendo apoiada pela CM de Matosinhos desde 1999. Assumindo que essa foi uma aposta ganha pela câmara, Fernando Rocha explica também que, aproveitando o embalo dado pela OJM, não quis que o investimento feito no jazz se esgotasse nela. “Só criando um movimento forte à volta da orquestra e do jazz enquanto estilo, seria possível ganhar massa crítica na cidade”, defende. Com esse objetivo assumido, surge o programa “o jazz vai à escola”, procura-se levar o jazz a contextos tanto formais como informais (muitas vezes através de atuações feitas pela própria OJM), aposta-se em turmas de ensino articulado de jazz em duas escolas secundárias de Matosinhos, é criada é OJM Júnior em 2012; entre muitas outras iniciativas que, segundo o vereador, se traduzem hoje em dia num convívio semanal com o jazz de centenas de pessoas. Neste enquadramento, mais do que um evento isolado, o festival funciona como o ponto alto de uma programação ligada ao jazz que se estende ao longo do ano inteiro.

A edição de 2019 do Matosinhos em jazz prossegue já este fim este fim de semana, com atuações de Salvador Sobral e Susana Santos Silva, encerrando no fim do mês com concertos da cantora Fay Klaasen e do trompetista Avishai Cohen, que tocarão com a Orquestra de Jazz de Matosinhos e Orquestra Sinfónica da Casa da Música do Porto, respetivamente.

Texto de João Espadinha
Fotografias de Joana Linda @ghostsonfilm| Fotografia de capa com Ricardo Toscano Quarteto

Se queres ler mais crónicas do Palhetas Perdidas, clica aqui.

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