As alterações climáticas são uma preocupação crescente não só nas agendas políticas internacional e nacional, mas também no dia a dia dos cidadãos e cidadãs. Os jovens são o grupo mais preocupado com o clima, já que a grande preocupação dos jovens contrasta, por outro lado, com os dados do último Standard Eurobarometer de março/abril de 2021 aos cidadãos da União Europeia, de todas as idades, que colocam as alterações climáticas no quarto lugar das preocupações a nível europeu.
Em Portugal, 63 % dos jovens estão muito ou extremamente preocupados com as alterações climáticas e mais de 80 % estão dispostos a envolver-se mais na luta climática. No entanto, a ação desse grupo ainda está aquém do esperado. Várias razões foram apresentadas para a falta de ação, entre elas: a dispersão da informação sobre as alterações climáticas, a linguagem científica e académica que não é facilmente compreendida, a ausência de condução para a ação no tema e falta de ferramentas e/ou desconhecimento destes.
Um estudo, no âmbito do projeto Spark ClimACT (Ativa ClimACT a nível nacional), mostra como jovens em toda a Europa entendem e respondem às mensagens sobre alterações climáticas/justiça climática, juntamente com as principais ideias e recomendações sobre como comunicar tais temas de forma mais eficaz e poderosa. É importante saber comunicar, mas também partilhar as ferramentas que podem ser úteis e base para o ativismo climático.
E o que é ser ativista?
Ser ativista é ser alguém com disponibilidade e vontade para ser agente de mudança. Um ativista mostra que existe efetivamente um (ou mais) problema(s), mas que também existem soluções ou alternativas. O ativista é a ferramenta mais importante de uma causa e age em prol de verdadeiras mudanças na sociedade.
As práticas ativistas podem ser diversas: desde petições, protestos e campanhas, até modos alternativos e informais de educação, uma promoção de diferentes estilos de vida, repensar narrativas e fazer investigações de condições de opressão. A receita para um movimento social é a existência de uma liderança, um grupo com uma ideia forte partilhada e acesso aos recursos certos.
Escolher bem as lutas é fundamental para dar os primeiros passos no ativismo. E o ativismo tem uma grande força para mover a história e trazer as mudanças que queremos no mundo. A história mostra-nos a força que juntos podemos ter se estivermos dispostos a usá-la. Ter uma ideia e um objetivo são o primeiro passo para construir o movimento. Neste sentido, ser ativista significa ser interveniente e resiliente. É acreditar, mesmo quando não temos motivos para grande esperança. É ser perseverante, corajoso(a). É ter sentimento de comunidade. É não compactuar com as injustiças das quais se está consciente e não se remeter ao silêncio. É lutar e construir um futuro melhor e mais justo para todos e todas.
Recursos e oportunidades
Muitos são os(as) jovens que ainda não sabem como colaborar nas ações em prol do nosso futuro sustentável. A falta de orientações e materiais são apontados como um dos grandes problemas. No entanto, temos boas notícias. O Projeto Ativa ClimACT, coordenado pela associação ambientalista ZERO, apresenta ferramentas que podem ser importantes para o início do ativismo climático.
O projeto Ativa ClimACT desenvolveu um website e um quiz sobre as alterações climáticas. O website apresenta uma série de recursos para não só informar, mas também conduzir os jovens no combate às alterações climáticas. Foi produzido um guia para o ativismo, disponível no website, com todas as informações pertinentes sobre como ser ativista, organização de atividades e eventos e ações individuais e coletivas. Além disso, o website recomenda uma série de documentários, livros, apps e sites para o público poder aprofundar o seu conhecimento sobre as alterações climáticas. O site do projeto está a ter bastante sucesso porque é objetivo, sucinto e com muito conteúdo importante desde informação científica até boas práticas. O ativismo também passa por alterações nos padrões de consumo ao seguir um estilo de vida mais consciente e amigo do ambiente. A missão do projeto é consciencializar os(as) jovens e ativá-los(as) para a ação climática porque precisamos agir juntos e agora por um futuro sustentável. Contamos contigo?
- Sobre a ZERO -
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável é uma organização não-governamental de ambiente de âmbito nacional, sem fins lucrativos, criada em finais de 2015, fruto do interesse comum de cerca de uma centena de pessoas pelo desenvolvimento sustentável em Portugal. Como missão, pretende tornar a sustentabilidade o elemento estruturante das políticas públicas.