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João Gonzalez: “Gosto dessa liberdade total que a animação tem”

Com Ice Merchants, João Gonzalez tornou-se no primeiro realizador de um filme português a ser nomeado para um Óscar e no primeiro realizador português de animação a ser premiado no Festival de Cannes. Depois de ter sido um dos grandes vencedores da edição de 2022 do Curtas Vila do Conde, o jovem regressou à cidade agora na categoria de convidado de destaque – e com 102 prémios e 263 seleções em festivais na bagagem.

Texto de Redação

João Gonzalez | ©Sofia Matos Silva

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Em pouco mais de um ano, João Gonzalez tornou-se num dos portugueses mais admirados da atualidade. Em 2022, com apenas 26 anos, estreou a curta-metragem Ice Merchants na Semana da Crítica em Cannes, festival que se viria a revelar o ponto inicial numa longa caminhada até à 95ª edição dos Óscares, os prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. É realizador, animador, ilustrador e músico com formação clássica em piano. Depois da licenciatura na ESMAD (Escola Superior de Media, Artes e Design do Politécnico do Porto), partiu para o Reino Unido em 2018 para estudar na Royal College Art. Foi ainda enquanto estudante que realizou The Voyager (2017) e Nestor (2019), e foi também enquanto estudante que começou a imaginar o que viria a ser Ice Merchants (2022).

A sinopse do filme de 14 minutos é muito simples: “Um homem e o seu filho saltam de paraquedas todos os dias, da sua casa fria e vertiginosa presa no alto de um precipício, para se deslocarem à aldeia que se situa na planície abaixo, onde vendem o gelo que produzem durante a noite.” Brincando com o contraste entre gradientes de azul e laranja com a mesma facilidade com que interlaça a simplicidade com o surrealismo, Ice Merchants conseguiu – e continua a conseguir – chegar a todo o tipo de públicos e a conquistar todo o tipo de pessoas. Sem qualquer diálogo, a imagem é apoiada pela banda sonora composta pelo próprio realizador – que também consta na ficha técnica como escritor/guionista, diretor de arte, ilustrador, animador (e responsável pelos backgrounds, ou fundos), colorista, músico e editor (tendo também ficado a seu cargo outras tarefas de pós-produção).

Estas são caraterísticas, aliás, que as suas curtas-metragens anteriores partilham: a preferência estética por trabalhar com duas cores principais, a ausência de diálogos embora com grande foco na música e no trabalho sonoro, e Gonzalez a dois passos do one-man-show. A escolha por personagens reduzidas é semelhante, bem como a de um tema central tratado de forma subtil – agorafobia em The Voyager, transtorno obsessivo-compulsivo em Nestor e, agora, a perda, com a solidão a ser transversal às três.

Outro aspeto comum é o sucesso dos filmes: tanto o de 2017 como o de 2019 conseguiram arrecadar vários prémios, com Nestor a ter figurado nas seleções de 117 festivais até à data. Ambos passaram pelo Curtas Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema, mas foi Ice Merchants que conquistou o Prémio de Melhor Filme da Competição Nacional, o Prémio Fundação INATEL e o Prémio do Público da Competição Internacional em 2022. Este ano, João Gonzalez já não competiu no festival vilacondense, mas as suas curtas mantiveram-se em exibição nas salas. Figura de destaque no programa New Voices, o realizador esteve bastante atarefado no dia 10 de julho: começou por participar numa conversa aberta ao público com Bruno Caetano (coprodutor e colega da Cola Animation), liderou uma visita guiada à exposição sobre o processo criativo de Ice Merchants e abriu a sua sessão de ‘carta branca’.

A exposição Ice Merchants: do Sub-Conciente ao Ecrã podia ser visitada durante o festival (que decorreu de 8 a 16 de julho) e permaneceu no Auditório Municipal de Vila do Conde até dia 31. A curta foi desdobrada nas suas várias componentes; nas paredes, quem por lá já passou conseguiu analisar a evolução gráfica da ilustração – desde testes das próprias figuras centrais a testes de cor –, bem como a storyboard completa da curta. Televisores passavam em loop os vídeos de making-of que Gonzalez montou, e a sala do Auditório projetava Ice Merchants para quem a quisesse ver e rever. Numa vitrine, podia-se ainda ver os documentos oficiais da nomeação ao Óscar de Melhor Curta de Animação, a fotografia ‘da turma’ dos nomeados de 2023, e o troféu do Annie Award para melhor curta-metragem (é apenas o segundo realizador português a sair vitorioso da principal cerimónia norte-americana dedicada ao cinema de animação, depois de Regina Pessoa ter ganho em 2020 com Tio Tomás, a Contabilidade dos Dias).

The Voyager, Nestor e Ice Merchants puderam ser vistos na sessão de Carte Blanche de Gonzalez, bem como oito outros filmes que o inspiraram ao longo dos anos e o fizeram querer fazer da animação a sua vida. Entre eles, figuraram curtas do japonês Kunio Katō (duas da série The diary of Tortov Roddle e Le Maison en petits cubes), Negative Space de Max Porter e Ru Kuwahata, e a multipremiada História Trágica com Final Feliz de Regina Pessoa.

Foi um pouco antes da visita-guiada que nos sentámos com um bem-disposto João Gonzalez nos cadeirões vermelhos do Teatro Municipal de Vila do Conde.

Ice Merchants, de João Gonzalez

Como funciona o processo – neste caso, o teu processo – de criação de um filme de animação?

O meu processo começa sempre por pescar uma imagem que veio do meu subconsciente e usá-la como metáfora visual para falar sobre algo que me toca. Neste caso em concreto foi uma imagem daquela casinha presa num precipício. A minha pré-produção gira muito à volta de imaginar que estou a viver fisicamente nesse local, e nesse ponto começo mesmo a modelar em 3D o espaço onde o filme se vai passar, embora não use qualquer tipo de animação 3D para o filme. Mas é uma forma de me pôr o mais imerso possível nessa realidade, porque depois, naturalmente, quando já estou a viver virtualmente nesse lugar, começo a ter ideias mais concisas para o filme, que acabam por ir de encontro a tópicos que me tocam e que são mais pessoais. Neste caso, sabia que ia ser um filme sobre a solidão, sobre a perda e sobre conexões familiares, mas as particularidades assim mais específicas do filme são coisas que me vão aparecendo quanto mais vou avançando na pré-produção e quanto mais imerso estou nessa realidade.

Para além de arquitetura, também é bastante percetível o cuidado com a ‘direção de fotografia’ nos teus filmes – a nível de composição, por exemplo.

Eu não tenho formação nenhuma em fotografia – aliás, nunca tirei fotografias a sério. Quero muito um dia focar-me em fotografia analógica, porque não tenho qualquer tipo de experiência. Mas gosto que cada plano tenha uma certa beleza estética, mas também que conceptualmente faça sentido para a história. Portanto, tento arranjar sempre um balanço entre esses dois domínios: ser algo que me agrada em termos de composição, e ao mesmo tempo ser o que o filme necessita em termos narrativos. 

É algo curioso em animação, não existe câmara, mas existem movimentos de ‘câmara’.

Exatamente. E tens controlo a 100% de tudo o que se passa na animação, não é? Em animação podes criar perspetivas que não existem na vida real. E se não gostas de como algo está posicionado na vida real, aquela cadeira ali por exemplo, podes mover a cadeira só um bocadinho para aquele lado, ou desenhá-la noutro sítio, e fica tudo perfeito, exatamente como idealizaste. Ou então até podes exagerar uma perspetiva a um nível que não seria possível com uma lente. E eu gosto dessa liberdade total que a animação tem.

João Gonzalez na visita guiada à exposição Ice Merchants: do Sub-Conciente ao Ecrã | ©Sofia Matos Silva

Os teus filmes têm o seu quê de simplicidade, tanto a nível visual como a nível narrativo – apesar de também terem o seu quê de surrealismo – e até de slice-of-life. Sentes que a beleza está nas pequenas coisas, ou que a rotina, as coisas mais mundanas, também merecem o seu lugar na arte?

Sim, sem dúvida. Lá está, eu tenho tópicos recorrentes nas minhas curtas. Acho que não é algo que faço propositadamente, mas nós como realizadores, sem querer, inconscientemente vamos sempre de encontro a tópicos que nos tocam. E se há algo que liga as curtas que eu fiz até agora é realmente esse aspeto das rotinas, e também, de certa forma, uma solidão inóspita. Acho que as minhas curtas também são sempre, de certa forma, um embate entre uma personagem e o local onde ela vive. E acho que isso parte muito da razão de eu começar a desenvolver os filmes começando pelo background, esse background acaba quase por ser uma personagem para mim. 

Tens apenas três curtas, mas já tens um estilo visual facilmente identificável como teu. Como o descreverias?

Admito que não sei muito bem como o descrever. Eu acho que é simplista, mas ao mesmo tempo não é assim tão simplista. Porque em termos de desenho não é uma coisa minimal, ou minimalista. Há três aspetos que eu acho que são recorrentes, que são sombras escuras e muito pesadas (que uso sempre), o gosto (lá está) pelo uso de perspetivas assim um bocadinho não tão habituais e mais exageradas, e paletas cromáticas reduzidas. Eu acho que isso vem de encontro à forma como sempre gostei de ilustrar, mesmo nos meus diários gráficos, e que depois acabei por arranjar forma de transpor para a animação. Mas não sei bem como descrever o meu estilo neste momento. Mas fico mesmo muito feliz que seja algo que de certa forma já se destaca.

Outro aspeto muito típico teu é o ritmo, ao nível de música e ao nível de trabalho sonoro, e depois ao nível da própria imagem. Como é que trabalhar as componentes visual e sonora em simultâneo te ajuda a ir criando o ritmo de um filme?

Em termos de coesão, ajuda muito. Na faculdade onde estudei dizem que uma boa curta-metragem é 51 % som e música, e 49 % imagem. Eu sinto que muitas vezes o som e a música são deixados para o fim, e depois é uma coisa que de certa forma apenas complementa. E eu vejo o som como algo estritamente necessário na curta-metragem, e é algo que começa logo desde o início. Há quanto mais tempo estás a desenvolver certa parte ou fase do filme, mais tempo tens para perceber o que está a funcionar, o que não está a funcionar, etc. E, claro, isso ajuda com que as coisas, crescendo as duas ao mesmo tempo organicamente, criem algo, espero eu, mais coeso no final. Portanto, para mim é essa a importância. É o fator de coesão. E também, mesmo em termos criativos, o facto de estar a compor a banda sonora dá-me sempre ideias para a narrativa do filme. É aquela coisa de às vezes estares a andar a ouvir música e começam a vir-te imagens à cabeça, vês o videoclipe todo, e começas a imaginar que estás nele. É muito semelhante a isso. Por exemplo, eu neste momento estou em pré-produção, e já comecei a compor a banda sonora; às vezes saio de casa, sei lá, para comprar pão, e saio a ouvir música, e quando volto já chego com algumas ideias, e com uma noção um pouco mais concisa do que vai ser este filme.

Há alguma coisa que queiras partilhar desse projeto novo, ou ainda é demasiado cedo?

Ainda é muito cedo, ainda está numa fase de pré-pré-produção. Eu vou fazer agora uma residência artística em outubro, num mosteiro em França, e aí é que vou descobrir um bocadinho mais do que o filme vai ser, na realidade. Neste momento ainda é uma ideia muito tremida e muito verde.

The Voyager, de João Gonzalez

Tens falado muito de sonhos e de uma dimensão mais onírica. Sentes que a tua mente é mais criativa a dormir do que acordado?

Acho que é um in-between [um meio termo]. Também ultimamente tem-me acontecido algo um bocado frustrante, que é: sonho, e acordo e sei que tive um sonho longo com muita coisa a acontecer, mas depois não me consigo lembrar das coisas. Embora para mim seja mais sobre o conseguir aceder a essa sensação metafísica, o que é que eu sentia quando estava a sonhar, do que propriamente lembrar-me dos sonhos. Por exemplo, eu não sonhei com os ice merchants, eu sonhei… ou melhor, eu tinha uma imagem duma casinha presa a um precipício, e sabia mais ou menos qual era a sensação de lá estar. E a partir daí é que comecei, já acordado, a desenvolver uma narrativa para o filme. Portanto, acho que é um meio termo, é uma mistura dos dois. Acho que o subconsciente me dá bons pontos de partida, que depois tento criativamente – e mais logicamente – resolver enquanto acordado.

Tens de dormir com um caderno ao lado. 

Exato! Mas ainda hoje, por exemplo, sei que tive um sonho incrível, e mal acordei e já não me conseguia lembrar de nada. É horrível! Eu aponto coisas às vezes, mas hoje não, hoje só me lembrava da sensação do sonho. Nem imagens nem nada. Só assim uma sensação muito estranha.

Custa-te descobrir a narrativa a partir dessa imagem inicial, ou é algo que vai acontecendo naturalmente?

Pois, eu não funciono muito com narrativa, não me acontece de me vir uma narrativa do nada à cabeça. Como tenho um ponto de partida, esforço-me para ir tentando encaixar, para desenterrar o máximo de ideias. Acho que até tenho alguma facilidade em criar narrativas, mas não é algo que me venha assim do nada, nem naturalmente, é algo para o qual me tenho de esforçar um pouco para criar, sim.

A equipa do filme tem bastantes jovens, com muitos estudantes e recém-chegados ao mercado de trabalho.

Sim, sim, acho que toda a equipa técnica, exceto depois o pessoal da produção, tem tudo menos de 30 de anos. 

João Gonzalez | ©Sofia Matos Silva

É bastante invulgar tantas pessoas em início de carreira terem oportunidade de chegar tão longe tão cedo. É importante abrir espaço para as novas gerações?

Para mim foi uma decisão fácil. Por coincidência, essas pessoas, apesar de novas, já eram os artistas com quem eu mais queria colaborar na altura. É o caso da Ala Nunu, por exemplo, que é apenas um ou dois anos mais velha do que eu – tem 28 ou 29, penso – e, embora extremamente jovem, é já, no meu ver, das melhores animadoras do mundo. Portanto, fico muito feliz, obviamente, por poder dar essas oportunidades, mas foi uma seleção muito natural, porque todos os artistas que trabalharam neste projeto já tinham mais que provado que tinham as capacidades para fazer parte da equipa.

Como foi a experiência de fazer a ronda dos festivais?

É difícil de pôr em palavras – eu já estou farto de dar esta resposta, gostava de conseguir dizer outra coisa, mas é a verdade. Foi tanta informação, tanta coisa condensada num espaço tão pequeno de tempo, que ainda não me deu tempo para conceber que tudo isto aconteceu realmente. Sei que estive sempre muito feliz ao longo do processo todo. Mas até cair mesmo o 'uau, isto aconteceu', acho que ainda vai durar algum tempo.

A este ponto já tens um guião na cabeça para responder a respostas, não?

Não! E sim. Têm sido mesmo muitas entrevistas condensadas num espaço curto de tempo, e todas à volta do mesmo assunto. Mas eu tento dar a volta, tento arranjar uma maneira de reformular.

Como recebeste o convite para integrar a Academia?

Essa é outra coisa a que não sei como responder. Eu recebi o convite para aí há cerca de duas semanas, e fiquei muito feliz, obviamente, mas ainda não me mentalizei. É assim, eu sabia que havia uma boa probabilidade de isso acontecer, porque normalmente os nomeados são convidados no ano seguinte, portanto, não foi uma surpresa assim completamente do nada. Mas é algo que é uma honra enorme, e ainda não consigo explicar o que significa para mim neste momento. 

Chegaste a conseguir falar com a Cate Blanchett

Não! Sente-se assim uma aura à volta dela. Mas gostava muito. Estive à beira dela, passei por ela, jantei com ela. Posso dizer que já jantei com a Cate Blanchett!

João Gonzalez na visita guiada à exposição Ice Merchants: do Sub-Conciente ao Ecrã | ©Sofia Matos Silva.

Sempre conseguiste o teu mês de isolamento? Ou o facto de estares aqui significa que não?

Seguido, não. Mas tenho viajado muito nos últimos tempos, a maior parte das vezes para festivais, e o que eu tenho feito é, por exemplo, o festival é uma semana e eu fico lá mais duas só a viajar. E isso já me deu algum tempo para descansar também.

A componente das emoções é muito interessante – aliás, é o que mais tem afetado as pessoas.

Sim, o lado emotivo da curta. 

Como é que vais trabalhando com isso? 

Como é que vou trabalhando com isso? Não sei. Este filme foi um passo à frente dos outros, na medida em que foi muito menos autobiográfico. Porque, de certa forma, o filme é contado através da perspetiva de um pai, algo que eu não sou. Mas toda a gente já perdeu pessoas, toda a gente já sentiu a solidão. E acho que nós, como realizadores, temos esse desafio de tentar transpormo-nos para uma realidade que não vimos pessoalmente, mas através do que até agora já experienciamos, e conseguir transmitir essas emoções. Não sei. Eu não considero que seja uma pessoa muito emotiva. Fico emocionado facilmente, às vezes, mas não sei. Os filmes são, de certa forma, uma forma de me descobrir melhor, principalmente acerca da minha relação com determinados tópicos, que, às vezes, até podem para mim ser mais difíceis de falar ou explorar sem ser através da criação de um filme.

Vila do Conde: como está a ser este regresso a casa? Não apanhaste a transição da ESMAD para cá, mas já cá ganhaste prémios no festival.

Não, exatamente, ainda estudei na ESMAD no Porto. Mas a minha família é de Vila do Conde. Os meus pais são daqui, até andaram na escola com o Miguel e com o Nuno [membros da direção do Curtas]. 

Então ainda é mais engraçado voltares cá, desta vez já como convidado de destaque do festival.

Exatamente! Aliás, as primeiras curtas-metragens que eu vi na vida foi provavelmente no Curtas Vila do Conde, nas sessões de Curtinhas quando era mais novo. Sinto que é um círculo completo.

Nestor, de João Gonzalez

Outra coisa curiosa é teres conseguido ter a tua curta a passar em salas fora do circuito de festivais, e ainda por cima sem ser como abertura de uma longa.

Completamente. Isso foi das maiores surpresas, sem dúvida alguma.

E deve certamente ser das primeiras curtas sem ser para crianças (a Pixar às vezes passa curtas a abrir, por exemplo).

Sim! Honestamente, não estou suficientemente informado sobre isso, mas é capaz de ser das primeiras. Eu nunca tinha ouvido falar disso antes, nem sabia que era sequer uma possibilidade. Ficamos muito felizes por ter tido essa oportunidade. 

Gostavas de trabalhar com longas, ou o teu meio são mesmo as curtas?

Eu acho que animação, regra geral, funciona melhor com curtas – a meu ver, eu prefiro curtas. Costumo dizer que normalmente para longas-metragens prefiro imagem real, e para curtas prefiro animação. No entanto, eu tenho algumas ideias para longas-metragens, que gostaria de fazer em animação, que acho que me dariam bastante prazer. Seriam um bocado diferentes do habitual de longas de animação – não seriam uma coisa Pixar, por exemplo –, e isso faria com que também seja mais difícil arranjar financiamento. Mas neste momento estou confortável com curtas-metragens. Por agora vou fazer mais uma curta – depois, quem sabe? Talvez me aventure.

Até porque o modelo como trabalhas, mantendo bastante controlo sobre tudo e com uma equipa pequena, só funciona assim.

Exato, sim. Uma longa iria demorar uns bons anos a fazer. E teria de ser uma equipa maior, sim. Isso já é outra dimensão, sem dúvida.

Só um detalhe para fechar: em quantos prémios Ice Merchants já vai?

Ultrapassou os 100 prémios há uma semana. Está com 240 seleções em festivais e 100 prémios. É mais uma daquelas coisas de que não estávamos à espera, mas que nos fazem mesmo felizes.

João Gonzalez e Bruno Caetano com a fotografia dos nomeados aos Óscares 2023 na exposição Ice Merchants: do Sub-Conciente ao Ecrã | ©Sofia Matos Silva
Entrevista por Sofia Matos Silva

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