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Opinião de Ana Pinto Coelho

O poder das “mental health tattoos”

Confidencio, aqui e agora, que nunca fiz uma tatuagem. Nunca quis, na verdade, mas também…

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Confidencio, aqui e agora, que nunca fiz uma tatuagem. Nunca quis, na verdade, mas também nada tenho contra elas, excepto quando uma das minhas filhas as quis fazer antes da idade da razão e da noção só porque o grupo de amigos as tinham.

Sim, fui Mãe nessa altura com um vigoroso e exclamativo “não!”. Acho que fiz bem pois ela, ainda que as mencione de quando em vez, continua sem a pele marcada. Por vezes, até o meu companheiro de lides vem com a mesma ideia, que gostava de marcar os símbolos que marcaram a sua existência e eu, talvez erradamente, desdenho. Na verdade, não gosto de tatuagens. É tão simples, não é?

Mas de repente, encontro uma página na internet que apresenta mais de meia centena de mensagens positivas relacionadas com a Saúde Mental e, confesso, cada uma é tão forte e tão inspiradora que, por momentos, pensei em tatuar todas elas.

Por muito que cada vez se fale mais de Saúde Mental e quanto afecta a sociedade, é ainda muito difícil pedir às pessoas que abram o seu coração e razão, seja à frente de um amigo ou numa reunião anónima ou mesmo com um profissional. As pessoas continuam a minorar problemas tão graves como a depressão (é porque não sou uma pessoa positiva e vejo o pior em tudo) ou a ansiedade (preocupo-me demasiado com o amanhã em vez de viver o hoje), para explicar o que passa pela cabeça de muita gente que pode e deve ser ajudada.

Nesse artigo, que mais uma vez faz a ponte entre a normalidade da doença física (quem tem asma usa a bomba sem vergonha, quem tem gripe vai ao médico, etc.) e a dificuldade em declarar um estado emocional, apresenta uma solução que pode muito bem ajudar algumas pessoas. Chama-lhe “mental health tattoos” que não precisa de tradução.

Sabemos que cada pessoa tem o seu problema e é por isso que uma destas mensagens, muito próprias e corajosas, podem ser uma ajuda num momento menos bom, quando procuramos apoio imediato e não temos a quem recorrer.

Para quem está por fora, elas não significam nada. Mas para os mais atentos, podem ser o sinal perfeito que demonstra, sem palavras, que aquela pessoa sofre de um problema grave que afecta o seu dia-a-dia e toda a sua vida. E, talvez, uma palavra de conforto que vem do nada pode ajudá-la nesse momento.

Estas tatuagens, que podem ser frases como desenhos ou símbolos, contam uma história. Ou apresentam um grafismo simples com uma frase positiva. E cada um saberá da sua e o local onde poderá fazê-la.

Até parte de um poema ou letra de uma canção, ou até uma piada muito subtil, um animal que dá força, um raio de luz ou uma seta para um novo caminho, qualquer sentimento pode ser traduzido num desenho mais ou menos elaborado.

O que é necessário saber é que também uma destas tatuagens emocionais não curam nada, apenas são uma pequena ajuda numa luta complexa que tem avanços e recuos e que, acima de tudo, são nossas, pessoais, nada têm que ver com o sofrimento alheio porque nenhum é igual ao de outrem.

Fica a ideia. Mas pensem bem antes de executá-la.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho
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