Meu caro leitor, entramos agora no mês natalício, e o ano de 2020 já se aproxima. Como o tempo passa a voar! À nossa espera, as filhoses, os chocolates, as prendinhas... É sempre a mesma coisa: “Chuva em novembro, Natal em dezembro”, como diria o meu irmão. É infalível…! O Natal é sempre em dezembro, e lá se começa a falar das resoluções para um novo ano.
Com boa disposição e já imbuída desse espírito natalício, aproveito para esclarecer, hoje e na próxima crónica, dúvidas que costumam surgir quando queremos empregar certas palavras associadas a esta quadra.
Saber como se forma o plural de Pai Natal, por exemplo, é já um clássico. Qual, afinal, o plural de Pai Natal?
A forma correta é pais natais. Neste caso, a palavra “natal” funciona como adjetivo e sinónimo de natalício, pelo que concorda em número com o nome “pais”. Lembrem-se da música do Sérgio Godinho: “Os pais natais”. E, atenção, ainda que a palavra esteja mal grafada no YouTube (“Pais-Natais”), o hífen não deve ser empregado.
Há um outro pormenor que vale a pena referir relativamente a este vocábulo. Por ser um nome próprio, devemos empregar sempre a maiúscula quando pretendemos fazer referência à figura criada a partir da história do São Nicolau, o Pai Natal.
Eu acredito no Pai Natal.
Todavia, quando referimos aqueles que se vestem como o Pai Natal, grafamos pais natais, com minúscula.
Foi o maior desfile de pais natais do mundo.
Boas festas! Certamente que reconhecem a expressão, tão comum na época natalícia. Mas devemos escrever boas festas (sem hífen) ou boas-festas (com hífen)? Ambas existem. Sim, as duas grafias estão corretas, mas são usadas de forma diferente. Vejamos:
“Boas-festas” designa o cumprimento feito pelo Natal e pelo Ano Novo, isto é, o nome que se dá a esse cumprimento, quando o empregamos em expressões como:
Durante a quadra natalícia, é comum dar as boas-festas.
A expressão pode ainda, caro leitor, referir o postal ou o cartão usado para enviar cumprimentos durante essa quadra. Nesse caso, também se escreve com hífen:
Já mandei as boas-festas aos meus tios.
Já “boas festas” é a expressão do voto de festas felizes. Ao expressar esse desejo, não devemos usar o hífen:
Boas festas!
Relembro a lição do mestre Rebelo Gonçalves: “Em frases como desejar boas festas, desejar que alguém tenha boas festas, etc., as palavras boas e festas não se unem com hífen, porque constituem mera associação de um adjectivo e um substantivo, o primeiro em normal concordância com o segundo; mas em frases como dar as boas-festas, enviar um cartão de boas-festas, etc., tais palavras já se unem desse modo, porque formam um composto. Casos análogos: desejar boas entradas (de ano); dar as boas-entradas.” (in Rebelo Gonçalves, Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Atlântida, 1947, p. 207).
Afiamos assim a língua, e, claro, desejo boas festas a todos os leitores que nos têm acompanhado neste ano de 2019!