O festival VisitPortugal Descobre o Teu Interior, que aconteceu de 8 a 10 de abril, debateu o interior do país e deu visibilidade às comunidades do interior. A sessão de encerramento contou com a Ministra da Coesão Territorial, que defendeu que o desenvolvimento deve ser "centrado nas pessoas" e acontecer "de forma integrada".
O Gerador, com o apoio do Turismo de Portugal, trouxe para o online o festival VisitPortugal Descobre o Teu Interior, onde, entre música tradicional, cinema, souvenirs e comida, foi debatido o futuro do interior de Portugal e discutidas alternativas para o seu desenvolvimento.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, esteve presente na sessão de encerramento do Festival e sublinhou que "só de forma integrada é que conseguimos o desenvolvimento que queremos para o interior" - um "desenvolvimento que tem de ser centrado nas pessoas", e em que a principal preocupação tem de ser "cuidar de quem já cá está".
Ana Abrunhosa falou de soluções para a fixação da população no interior, referindo o investimento em instituições científicas, uma vez que “há muito que a missão destas instituições deixou de ser apenas formar pessoas, passaram a ter a missão de ajudar a resolver os problemas das comunidades onde se inserem”. Outro dos eixos apresentados foi a garantia e qualidade no acesso aos serviços públicos, uma vez que "a tecnologia permite prestar serviços à distância, permite que, em vez das infraestruturas, os serviços vão até às pessoas". Ainda assim, a ministra da Coesão Territorial, falou na urgência em abandonar os critérios para a existência desses serviços - que se baseiam na densidade de população -, caso contrário "estes territórios cão, de certeza, continuar a perder população".
Para a responsável da tutela, são também essenciais as apostas na banda larga, "as estradas do futuro”, que deve “chegar devidamente a todas as pessoas e a todas casas”, mas também em “escolas digitais, [mais bem] preparadas para os desafios de amanhã”, que funcionam apenas “como complemento, porque as aprendizagens são, sobretudo, presenciais”. Ana Abrunhosa tocou ainda ainda no papel do sector social e das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) que devem continuar a desempenhar o seu papel fundamental, sem se esquecerem de "respostas sociais e inovadoras”.
A pandemia veio vincar os problemas já existentes e trazer novas dificuldades, segundo a ministra da Coesão Territorial, tem-nos feito reavivar prioridades, relativizar os nossos problemas e olhar de uma forma muito diferente para aquilo que é o nosso presente e para o que queremos que seja o nosso futuro”.
“Nesse novo olhar, o interior já não é mais um caminho de cabras, já não é mais uma mulher de lenço preto na cabeça, já não é mais a floresta, a agricultura e o meio rural. É, sim, a agricultura, a floresta, o meio rural com conhecimento, com tecnologias, com pessoas qualificadas e com outras atividades. O interior é um mundo que o nosso próprio país tem de voltar a explorar”, concluiu Ana Abrunhosa.
O festival, contou ainda com a presença do Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, no primeiro dia, e com o CEO da agência Partners, Tomás Froes, para debater a internacionalização do interior como destino turístico.
No segundo dia, a 9 de abril, o programa focou-se na discussão sobre o estado atual do interior e as consequências deixadas pela pandemia, trazendo ao palco online oradores como Adolfo Mesquita Nunes, Isabel Ferreira, Secretária de Estado da Valorização do Interior, Joana Mortágua e Tiago Pereira. O último dia, 10 de abril, para além de ter trazido a Ministra da Coesão Territorial, foi o dia de debater sobre o turismo interno, a cultura, a educação, a sustentabilidade e o futuro do interior do país, com Cristina Siza Vieira, da AHP, Dalila Dias, das Aldeias Históricas, Carlos Miguel, Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional ou o pedagogo e fundador da Escola da Ponte, José Pacheco.
O festival VisitPortugal Descobre o Teu Interior foi de Mértola à Guarda, deu a conhecer projetos inovadores e falou com rostos que estão a fazer a diferença, mas também passou por temas delicados e urgentes para o interior do país que mostram que ainda existe um caminho a percorrer no combate à desertificação do interior.